Card. Parolin: A Paz, um dos frutos da viagem de Francisco à Terra Santa
Cidade do Vaticano
(RV) – No próximo sábado, 24 de maio, o Papa Francisco iniciará a aguardada viagem
de três dias à Terra Santa, por ocasião do 50º aniversário do histórico encontro em
Jerusalém entre Paulo VI e o Patriarca Atenágoras. Na Audiência Geral desta quarta-feira,
21, Francisco pediu aos fiéis para rezarem por esta missão. Mas, quais frutos podem
dar esta peregrinação? Quem responde é o Secretário de Estado vaticano, Pietro Parolin,
em entrevista ao Centro Televisivo Vaticano (CTV):
Card. Parolin: “Eu
diria que os frutos serão sobretudo na direção do encontro: um fruto do encontro entre
o Papa e as diversas realidades vividas naquela terra e entre estas diversas realidades,
também entre elas. É um fruto de paz. Sabemos que o Papa vai para uma terra particularmente
atribulada... Eu espero verdadeiramente que o fruto possa ser o de ajudar todos os
responsáveis e todas as pessoas de boa vontade a tomar decisões corajosas no caminho
da paz”.
CTV: Uma terra onde é difícil florescer a paz... Quais
são os auspícios da Santa Sé em relação ao diálogo israelense-palestino?
Card.
Parolin:“De um lado, o direito de Israel de existir e gozar de paz e de segurança
dentro dos limites internacionalmente reconhecidos; o direito do povo palestino, de
ter uma pátria, soberana e independente, o direito de deslocarem-se livremente, o
direito de viverem com dignidade. E depois, o reconhecimento de caráter sagrado e
universal da cidade de Jerusalém, da sua herança cultural e religiosa, portanto, como
lugar de peregrinação dos fiéis das três religiões monoteístas. Estes são, um pouco,
os três pontos sobre os quais o Papa insistirá nesta vez, afinado com toda a “política”
da Santa Sé no que tange ao conflito palestino-israelense”.
CTV:
No Angelus de cinco de janeiro, o Papa Francisco falou desta viagem como uma
peregrinação, insistindo no aspecto da oração. Ponto alto, portanto, será o encontro
ecumênico no Santo Sepulcro com o Patriarca Bartolomeu I de Constantinopla, em recordação
ao histórico encontro entre Paulo VI e o Patriarca Atenágoras. O senhor acredita que
este encontro possa, de alguma maneira, marcar também um momento significativo, importante,
nas relações entre as Igrejas?
Card. Parolin: “O ecumenismo foi uma
das conquistas do Concílio Vaticano II, naturalmente, ao final de um longo caminho
percorrido também pela Igreja Católica neste sentido. O encontro entre Paulo VI e
Atenágoras deu um impulso fundamental, foi determinante para este caminho ecumênico,
e nos mostra que, às vezes, os gestos servem mais do que as palavras, que são mas
eloqüentes do que as palavras. Eu auguro que o encontro entre o Papa Francisco e o
Patriarca Bartolomeu reavive um pouco esta chama, este entusiasmo pelo caminho ecumênico
que deveria animar um pouco todas as iniciativas que existem neste sentido. Deveria
existir este entusiasmo e esta paixão pela unidade que foi a ardente oração de Jesus
no Cenáculo, antes de sua Paixão e morte”.
CTV: A viagem será também
um momento de verdadeira alegria para os cristãos que vivem na Jordânia, Palestina
e Israel, cristãos que frequentemente vivem em condições difíceis....
Card.
Parolin: “Será um momento de alegria e de conforto para todos os cristãos que
vivem na Terra Santa. E o Papa, acredito, quer sublinhar, no encontro direto com eles,
duas coisas: que estes cristãos são pedras vivas e que sem a sua presença, a Terra
Santa e os próprios Lugares Santos correm o risco de se transformar em museus, como
se fala frequentemente. Pelo contrário, a sua presença assegura que alí exista uma
comunidade cristã viva e uma presença viva do Senhor ressuscitado. E ao mesmo tempo,
além desta dimensão mais eclesial, também o papel que os cristãos do Oriente Médio
e da Terra Santa desempenham nas sociedades em que vivem, nos países em que vivem:
um papel fundamental. Querem colocar-se sinceramente à disposição dos seus concidadãos
para construir juntos uma pátria livre, justa e democrática”. (JE)