Papa aos bispos italianos: nada justifica a divisão
Cidade do Vaticano (RV) - "A falta ou, em todo caso, a pobreza de comunhão
constitui o escândalo maior, a heresia que desfigura a face do Senhor e divide a sua
Igreja. Nada justifica a divisão." Com essas palavras, o Papa dirigiu-se à assembleia
dos bispos italianos reunidos no Vaticano.
Ao abrir o encontro o Pontífice
fez referência a um particular que lhe chamou a atenção: "Um jornal dizia, acerca
dos membros da presidência, que 'este é homem do Papa, este não é homem do Papa, este
é homem do Papa...' ... mas na presidência, formada por cinco-seis, todos são homens
do Papa".
Em seguida, Francisco falou sobre a sua visão de Igreja. Buscar a
unidade é fundamental, porque "a ausência de comunhão constitui o escândalo maior...
É melhor ceder... do que dividir a túnica e escandalizar o povo santo de Deus.
"Por
isso, como Pastores, devemos evitar tentações que do contrário nos desfiguram: a gestão
personalista do tempo, quase como se fosse possível haver um bem-estar prescindindo
do bem-estar de nossas comunidades; os mexericos, as meias verdades que se tornam
mentiras, a litania das lamentações que trai íntimas desilusões."
Também a
Conferência Episcopal Italiana deve estar a serviço da unidade, é preciso tecer relações
no signo da abertura. Os sacerdotes precisam disso.
"Nossos sacerdotes, os
senhores sabem muito bem disso, são muitas vezes provados pelas exigências do ministério
e, por vezes, também desencorajados pela impressão de obterem poucos resultados: devemos
educá-los a não se limitarem a calcular entradas e saídas, a verificar se aquilo que
creem ter dado corresponde, depois, à colheita."
A abertura é uma atitude que
deve ser levada adiante na vida de todos os dias. "Como pastores sejam simples no
estilo de vida, desapegados, pobres e misericordiosos". Ademais, os desafios de hoje
são muitos, porque a crise não é somente econômica, mas, sobretudo, espiritual e cultural.
É necessário um novo humanismo. Por isso, é preciso defender a vida, desde a concepção
até a morte natural, a família. Sempre com misericórdia.
Não deixem de voltar-se,
com compaixão, para quem se encontra ferido em seus afetos e vê o próprio projeto
de vida comprometido.
Além disso, deem atenção máxima à crise do trabalho que
provoca desemprego, aos migrantes que buscam uma possibilidade de vida. Em suma, exortou
Francisco, "ninguém vire o rosto para o outro lado".
Por fim, o Santo Padre
dirigiu um apelo aos bispos sentados diante dele: "Rezem por mim, sobretudo na vigília
desta viagem na qual me farei peregrino em Amã, Belém e Jerusalém, à distância de
50 anos do histórico encontro entre o Papa Paulo VI e o Patriarca Atenágoras". (RL)