Cidade do Vaticano (RV) – Nos passos de Paulo
VI, que será declarado Beato em outubro próximo, Francisco, - depois de São João Paulo
II, de Bento XVI, e seguindo também outro Francisco, - parte em peregrinação na próxima
semana à Terra que meia humanidade chama de Santa. O destaque desta viagem será o
cumprimento do desejo do Papa Francisco, que ele mesmo anunciou no dia 6 de janeiro:
“Se Deus quiser, eu vou fazer uma peregrinação à Terra Santa”. O objetivo principal
é comemorar o encontro histórico entre o Papa Paulo VI e o Patriarca Atenágoras, que
ocorreu exatamente 50 anos atrás. Desde então a Terra Santa começou a se preparar
para este evento histórico, e todos, cristãos e não cristãos, hebreus, muçulmanos,
em vários momentos ao longo destes últimos meses expressaram a sua alegria e deram
a boas-vindas ao Papa. Os irmãos cristãos da Igreja ortodoxa de Constantinopla, da
Grécia, de Jerusalém e da Igreja Armênia, aguardam ansiosos essa visita e o encontro
que será o foco central da viagem; o encontro ecumênico no Santo Sepulcro no domingo,
dia 25. “Somos chamados a ser um e o Papa vem para nos lembrar disso e renovar o espírito
de unidade e de amor fraterno”, disse o Patriarca latino de Jerusalém, Dom Fouad Twal.
O logotipo e o lema que foram escolhidos para esta peregrinação se concentram
neste desejo de unidade: “Para que todos sejam um”, e o logotipo mostra o abraço dos
Santos Apóstolos Pedro e André, patronos da Igreja de Roma e da Igreja de Constantinopla.
O Santo Padre, vai se reunir com os fiéis da Terra Santa, mais particularmente nas
celebrações da Santa Missa – em Amã e em Belém. Em Jerusalém, na cena da Última Ceia,
vai celebrar uma missa especial com os Ordinários Católicos da Terra Santa. Também
haverá ocasiões para ele se reunir com diferentes grupos de fiéis: deficientes, refugiados,
religiosos e religiosas, seminaristas e sacerdotes. O Papa Francisco, prestará também
homenagens aos irmãos e irmãs muçulmanos e hebreus, visitando a esplanada das Mesquitas,
e o Muro das Lamentações. Certamente mais um incentivo para o diálogo, para conhecê-los
melhor e trabalhar juntos em prol da justiça, da paz, do perdão e reconciliação numa
terra tão machucada. O Papa Francisco visitará três realidades políticas – Jordânia
, Palestina e Israel. Em cada um desses lugares vai se reunir com os chefes de Estado,
para incentivar cada um e a todos para um governo justo em benefício de todos os
cidadãos com o convite a trabalharem juntos, para superar todos os obstáculos que
se interpõem no caminho do bem-estar e da prosperidade de todos. Brota assim a esperança
de que Francisco, como o pobrezinho de Assis que também caminhou nestas terras inspire
maior unidade para que todos sejam mais corajosos para quebrar as barreiras de inimizade. A
viagem do Papa à Terra Santa (24-26 de maio) será “muito breve e muito intensa” como
foi a viagem de Paulo VI em 1964, disse nos dias passados o Diretor da Sala de Imprensa,
Padre Federico Lombardi, durante coletiva de imprensa. Ele explicou a falta de algumas
etapas típicas das viagens papais do programa e destacou, no entanto, uma série de
pontos em comum entre as duas viagens de Bergoglio e Montini, começando pelos três
dias comuns e pelo encontro com o Patriarca Bartolomeu. O Papa e Bartolomeu no Santo
Sepulcro participarão de um “encontro ecumênico”, durante o qual comemoração a morte
e a ressurreição de Jesus e rezarão juntos o Pai Nosso, “uma oração comum num lugar
sagrado de Jerusalém, em particular no Santo Sepulcro, é algo que nunca aconteceu
até agora”. Curiosidade: durante a viagem o Papa falará sempre em italiano e não
utilizará “nem papamóvel, nem carros blindados”, mas um “carro normal ou jeep aberto”.
Nenhuma missa pública em Jerusalém (Bento XVI, por exemplo, celebrou em 2009 no Josafat
Valley) e na Galileia. Papa Francisco quis esta viagem na perspectiva da comemoração
daquela realizada por Paulo VI. Ainda no âmbito da viagem, o Papa Francisco vai fazer
uma oração silenciosa e colocar uma mensagem entre as pedras do Muro das Lamentações
em Jerusalém. Na viagem, o Papa será acompanhado por dois amigos argentinos, o rabino
Abraham Skorka e o líder islâmico Omar Abboud. É uma maneira concreta de falar do
diálogo inter-religioso. O foco da visita será o encontro histórico com o Patriarca
Ecumênico, em Jerusalém, a visita à Igreja local e ao povo palestino. Uma viagem importante
que se insere no âmbito do movimento ecumênico, mas que também olha para a solidariedade
com os que sofrem e para a Igreja local. A Terra Santa durante três dias terá as luzes
dos holofotes do mundo sobre si, e quem sabe, dessas luzes, dessa viagem, não se conseguia
fazer passar um lume de esperança, para iluminar a vida e o futuro de tantas pessoas
que ainda esperam a paz. (Silvonei José)