Representante da Santa Sé na ONU diz não à utilização de drones e robôs nas guerras
Cidade do Vaticano (RV) - O observador permanente da Santa Sé no escritório
das Nações Unidas em Genebra, na Suíça, Dom Silvano Maria Tomasi, afirmou que numa
guerra não se pode delegar a responsabilidade humana a um robô. O arcebispo fez um
pronunciamento no escritório da ONU na cidade helvécia sobre a utilização de armas
letais autônomas. Em particular, o observador vaticano denunciou a utilização de "drones
(veículo aéreo não tripulado). A Rádio Vaticano pediu a Dom Tomasi que nos destacasse
as passagens candentes de seu pronunciamento:
Dom Silvano Maria Tomasi:-
"O princípio fundamental, o ponto chave em toda essa situação, é que não se pode delegar
às máquinas uma decisão que diz respeito à vida e à morte de seres humanos: é preciso
que o elemento racional e a capacidade de juízo moral permaneça sempre presente quando
se trata da vida de outras pessoas. Evidentemente, por sua natureza, estes instrumentos
– estas armas tecnologicamente sofisticadas, mas completamente autônomas – não têm
essa capacidade. E mesmo supondo que se conseguisse desenvolver uma espécie de inteligência
artificial, jamais conseguiria ter a possibilidade e a capacidade de examinar as situações
e, portanto, de elaborar um verdadeiro juízo ético."
RV: Os drones têm
sido muito utilizados nestes últimos anos, sobretudo por parte dos EUA, mas não somente.
A posição da Santa Sé é muito clara também sobre essa questão. No ano passado o senhor
fez um pronunciamento a esse respeito...
Dom Silvano Maria Tomasi:-
"A Santa Sé leva adiante um linha coerente. A questão dos drones é paralela à das
armas completamente autônomas. O ponto da questão permanece sendo a presença de um
juízo moral que somente a pessoa humana pode ter nas circunstâncias em que se depara,
e isso é ainda mais necessário quando se trata da vida e da morte de seres humanos.
Essa é a preocupação fundamental. Além disso, existem outras considerações que devemos
fazer, como, por exemplo, que a proliferação deste tipo de armamentos pode verdadeiramente
levar a uma nova corrida armamentista internacional para dotar-se de armas sofisticadas
como esses robôs assassinos, e, sobretudo, ao surgimento de uma competição que não
ajuda para as relações entre países, que produz simplesmente desperdício de recursos
que, ao invés, poderiam ser utilizados para as exigências sociais, a saúde, a educação,
o combate à pobreza, e não em instrumentos letais." (RL)