2014-05-14 17:15:02

Parlamento israelense sobre João XXIII: "Foi um justo"


Tel Aviv (RV) - Pouco mais de duas semanas após a canonização de João XXIII, o Parlamento israelense (Knesset) enviou uma mensagem de amizade ao mundo cristão. Na sessão solene realizada nesta terça-feira, 13 de maio, foi exaltada a figura de João XXIII e o diálogo entre a Igreja e o povo judeu.

A Sessão foi presidida pelo Presidente do Knesset, Yuli Edelstein, e contou com a presença, entre outros, do Patriarca Vigário Dom Giacinto Boulos Marcuzzo, do Custódio da Terra Santa, Padre Pierbattista Pizzaballa, do Representante do Vaticano Dom Giuseppe Lazarotto e do Embaixador da Itália, Francesco Maria Talo. Na ocasião também foram denunciados os recentes ataques a lugares de culto cristãos e a sacerdotes por parte de judeus ortodoxos.

“João XXIII é considerado, de fato, um Justo entre as Nações”, afirmou o líder trabalhista Yitzhak Herzog, que leva o nome do avô, o Rabino Yitzhak Halevy Herzog: “Ele, nos anos quarenta, pediu e obteve a ajuda ativa de Angelo Roncalli para salvar milhares de judeus perseguidos pelos nazistas. Naqueles anos dramáticos, consolidou-se entre os dois uma estreita amizade”, ressaltou.

“Mons. Roncalli era Núncio em Istambul – recordou Herzog – quando começaram a chegar as primeiras notícias sobre a Shoah. Torna-se logo uma ‘encruzilhada existencial’ para a salvação de milhares de judeus por caminhos que passaram pela Bulgária, Grécia, Eslováquia, a entidade Tcheca”.

Em 1944, quando a destruição da comunidade judaica húngara era iminente, o Rabino Herzog e o futuro Papa João XXIII procuraram implementar outros planos de emergência de salvação de perseguidos pelo nazismo.

“João XXII realizou esforços enormes”, prosseguiu comovido Herzog, para passar posteriormente ao seu pontificado, à Encíclica Nostra Aetate, à “eliminação das orações cristãs com expressões depreciativas em relação aos judeus”, definidos por Roncalli como “irmãos maiores”. “Foi uma verdadeira revolução – exclamou – com o consenso dos outros oradores que exaltaram também as obras de outros Pontífices, como João Paulo II e mesmo o Papa Francisco.

“No passado existiram rios de ódio e de dor entre cristianismo e judaísmo”, observou Edelstein, ressaltando que a “a visita do Papa Francisco representa uma ulterior ocasião para proceder no espírito de João XXIII e instituir canais de diálogo inter-religioso”.

Em resposta aos recentes ataques contra locais de culto cristão e sacerdotes por parte de radicais judeus, o Presidente da Comissão Parlamentar para a Educação, Amram Mitzna (ha-Tnua'), informou ter pedido ao Ministro da Educação, Shai Piron, que seja dedicada em todas as escolas, por ocasião da visita do Papa Francisco - uma hora de lição sobre cristianismo e sobre a figura de João XXIII. Também foi proposta a visita de escolas judaicas a locais de culto cristão e uma competição de redações sobre atos de benevolência de cristãos para com os judeus. “É necessário estimular a tolerância e o respeito ao próximo”, concordou com ele o parlamentar Niztan Korowitz.

Após, o Knesset prestou uma homenagem ao genocídio dos armênios, ocorrido em 1915. (JE)









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