Parlamento israelense sobre João XXIII: "Foi um justo"
Tel Aviv (RV) - Pouco mais de duas semanas após a canonização de João XXIII,
o Parlamento israelense (Knesset) enviou uma mensagem de amizade ao mundo cristão.
Na sessão solene realizada nesta terça-feira, 13 de maio, foi exaltada a figura de
João XXIII e o diálogo entre a Igreja e o povo judeu.
A Sessão foi presidida
pelo Presidente do Knesset, Yuli Edelstein, e contou com a presença, entre outros,
do Patriarca Vigário Dom Giacinto Boulos Marcuzzo, do Custódio da Terra Santa, Padre
Pierbattista Pizzaballa, do Representante do Vaticano Dom Giuseppe Lazarotto e do
Embaixador da Itália, Francesco Maria Talo. Na ocasião também foram denunciados os
recentes ataques a lugares de culto cristãos e a sacerdotes por parte de judeus ortodoxos.
“João
XXIII é considerado, de fato, um Justo entre as Nações”, afirmou o líder trabalhista
Yitzhak Herzog, que leva o nome do avô, o Rabino Yitzhak Halevy Herzog: “Ele, nos
anos quarenta, pediu e obteve a ajuda ativa de Angelo Roncalli para salvar milhares
de judeus perseguidos pelos nazistas. Naqueles anos dramáticos, consolidou-se entre
os dois uma estreita amizade”, ressaltou.
“Mons. Roncalli era Núncio em Istambul
– recordou Herzog – quando começaram a chegar as primeiras notícias sobre a Shoah.
Torna-se logo uma ‘encruzilhada existencial’ para a salvação de milhares de judeus
por caminhos que passaram pela Bulgária, Grécia, Eslováquia, a entidade Tcheca”.
Em
1944, quando a destruição da comunidade judaica húngara era iminente, o Rabino Herzog
e o futuro Papa João XXIII procuraram implementar outros planos de emergência de salvação
de perseguidos pelo nazismo.
“João XXII realizou esforços enormes”, prosseguiu
comovido Herzog, para passar posteriormente ao seu pontificado, à Encíclica Nostra
Aetate, à “eliminação das orações cristãs com expressões depreciativas em relação
aos judeus”, definidos por Roncalli como “irmãos maiores”. “Foi uma verdadeira revolução
– exclamou – com o consenso dos outros oradores que exaltaram também as obras de outros
Pontífices, como João Paulo II e mesmo o Papa Francisco.
“No passado existiram
rios de ódio e de dor entre cristianismo e judaísmo”, observou Edelstein, ressaltando
que a “a visita do Papa Francisco representa uma ulterior ocasião para proceder no
espírito de João XXIII e instituir canais de diálogo inter-religioso”.
Em resposta
aos recentes ataques contra locais de culto cristão e sacerdotes por parte de radicais
judeus, o Presidente da Comissão Parlamentar para a Educação, Amram Mitzna (ha-Tnua'),
informou ter pedido ao Ministro da Educação, Shai Piron, que seja dedicada em todas
as escolas, por ocasião da visita do Papa Francisco - uma hora de lição sobre cristianismo
e sobre a figura de João XXIII. Também foi proposta a visita de escolas judaicas a
locais de culto cristão e uma competição de redações sobre atos de benevolência de
cristãos para com os judeus. “É necessário estimular a tolerância e o respeito ao
próximo”, concordou com ele o parlamentar Niztan Korowitz.
Após, o Knesset
prestou uma homenagem ao genocídio dos armênios, ocorrido em 1915. (JE)