Sudão: Religiosos, refugiados e ONGs pedem que Papa interfira na crise de Darfur
Cidade do Vaticano (RV) – Missionários salesianos, refugiados e ONGs, dirigiram
um apelo ao Papa Francisco, para que intervenha “na crise humanitária no Sudão e em
particular na região de Darfur, onde nos primeiros 4 meses do ano foram contado mais
de 370 mil deslocados, dezenas de povoados atacados e destruídos, centenas de vítimas
entre os quais mulheres e crianças”
No apelo é recordado que desde “2003, no
Sudão, está em curso um dos conflitos mais graves destes primeiros decênios do novo
milênio” e é pedido ao Papa que se “manifeste sobre a crise, com palavras que possam
despertar as consciências de quem tem o poder de intervir para interromper esta espiral
de horror. A coisa mais urgente – lê-se no apelo – é trabalhar juntos para reconstruir
a confiança e um ambiente operativo entre as pessoas: a unidade é fundamental porque
dá força”.
A Anistia Internacional denunciou nesta quinta-feira o assassinato
e a violação sistemáticos de civis, com motivações étnicas, no Sudão do Sul, o que
constitui “crimes de guerra e contra a humanidade”. No seu informativo “Não tem nenhum
local seguro: civis atacados no Sudão do Sul”, a organização de defesa dos direitos
humanos condena as “horríveis atrocidades” cometidas “por ambas as partes envolvidas
no conflito” no país africano.
No documento, a AI recolhe o testemunho de sobreviventes
de massacres, vítimas de abusos sexuais e testemunhas de atrocidades num conflito
que já causou mais de um milhão de deslocados e levou o país mais jovem do mundo,
desmembrado do Sudão em 2011, “à beira de um desastre humanitário”.
A Anistia
explica que desde dezembro de 2013, as forças leais ao Presidente Salva Kiir e ao
Vice Riek Machar e suas respectivas milícias atacaram civis em seus povoados, igrejas
e mesquitas e mesmo em centros da ONU onde buscavam refúgios. Nestes locais, foram
descobertas fossas comuns com mais de 500 corpos. “Crianças e mulheres grávidas foram
violadas e anciãos mortos nos leitos de hospitais”, acrescentou a Sub-diretora para
a África, Michelle Kagari. (JE)