Workshop sobre desenvolvimento sustentável reúne cientistas e economistas no Vaticano
Cidade do Vaticano (RV) - Teve início na manhã desta sexta-feira, 2 de maio,
na ‘Casina Pio IV’, no Vaticano, o workshop promovido pela Pontifícia Academia
para as Ciências e pela Pontifícia Academia para as Ciências Sociais com o tema “Humanidade
sustentável. Natureza sustentável. A nossa responsabilidade”. Um debate aberto entre
cientistas, docentes universitários e economistas que se estenderá até a próxima terça-feira.
O encontro foi aberto pelo Presidente da CaritasInternationalis, Cardeal
Oscar Rodriguez Maradiaga.
Alimentação, saúde e energia ocuparão uma posição
central nos pronunciamentos dos participantes. Os debates que se seguirão, por sua
vez, terão por objetivo indicar vários caminhos, levando em consideração as necessidades
do homem e as mudanças da natureza, a partir do fracasso do encontro Rio+20 no que
tange à conservação da biodiversidade. “Não houve, de fato, - reiteram os organizadores
do workshop – um esforço coletivo entre cientistas naturais e sociais”.
Na
mesa de discussões, portanto, a mudança climática, a questão energética, a segurança
alimentar, o problema da água, entre tantos outros. “Não existem singulares problemas
ambientais – sublinham especialistas – mas uma vasta série de problemas interligados
que se apresentam hoje, enquanto outros são riscos potenciais para o futuro”. O foco,
então, será para uma abordagem global da qual não se pode excluir “o capital natural”:
frequentemente a natureza é vista como “um contexto do qual serviços e recursos podem
ser tratados isoladamente”. Portanto, é necessário “redirecionar a própria relação
com a natureza de modo a se promover um modelo de desenvolvimento econômico e social”.
Diversos
pronunciamentos foram realizados na manhã de hoje. O Presidente da Pontifícia Academia
das Ciências, Prof. Werner Arber, explicou a importância do uso sustentável dos recursos
naturais, no pleno respeito pela natureza. Foi acentuada a necessidade em se assegurar
também para o futuro a responsabilidade por um desenvolvimento sustentável. Analisando,
a seguir, a evolução terrestre e a evolução biológica, o Prof. Arber recordou que
“é um bom princípio geral respeitar as leis da natureza com um desenvolvimento sustentável”
e que “a nossa civilização deveria evitar perturbar o processo natural e a evolução
lenta mas constante de formas de vida e de potenciais habitats”. Na conclusão do pronunciamento,
foi destacada a necessidade de informar a comunidade, a diversos níveis, sobre os
riscos de comportamentos não-idôneos em relação ao processo natural.
O Prof.
Patha Dasgupta, docente de economia na Universidade de Cambridge, analisou, por sua
vez, as consequências das ações humanas sobre a natureza. “Somos encorajados a pensar
– disse o professor – que consumir corresponde a contribuir ao bem social”. Na realidade,
“quando em um povoado os habitantes recolhem lenha para queimar em um ritmo insustentável,
se está diante do fracasso desta comunidade”, incapaz assim de pensar num desenvolvimento
sustentável e não “à falência do mercado”. No caso das mudanças climáticas – acrescentou
– seria necessário culpabilizar as nações que não negociam uma “política climática”.
Por fim, o Prof. Dasgupta examinou alguns elementos para analisar a sustentabilidade:
o consumo, o uso do ambiente natural, a reprodução e a tecnologia. Elementos que podem
representar um obstáculo se não forem repensados à luz de um novo desenvolvimento
sustentável. (JE)