Card. Mueller: doutrina de Ratzinger ensina a olhar o Sínodo dos Bispos
Cidade do Vaticano (RV) – “O ensinamento de Bento XVI constituiu um precioso
patrimônio para a Igreja, que não pode ser arquivado com o fim de seu pontificado”.
“Trata-se de uma riqueza doutrinal à qual, se de um lado já é universalmente conhecida
e estimada, de outro espera ainda a ser descoberta na sua plenitude e profundidade.
Tal doutrina, de fato, nasce de uma inteligência e de um coração que são propensos
no valorizar e servir à Igreja, guiados por um grande amor pela verdade”. Foi o que
afirmou o Cardeal Gehrard Mueller, Prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé,
durante um pronunciamento em um Simpósio promovido pelo L’Osservatore Romano.
“A
doutrina – explicou o Card. Mueller – longe de opor-se à vida e à práxis, tem exatamente
o objetivo de custodiar os conteúdos e a identidade que a vida nos dá, para evitar
que cada realidade decisiva para o homem se afogue no mar do indistinto e do provisório,
ou seja instrumentalizada pela mera utilidade ou por interesses de partes”.
“Às
vezes – observou o purpurado – a um olhar superficial, uma prática de governo plasmada
segundo modelos essencialmente políticos, poderia parecer facilitar em muito as coisas,
e quem é acostumado ao uso do poder, tende frequentemente a inclinar-se para esta
direção, talvez inconscientemente. Desta forma, no entanto, não seríamos fiéis à própria
natureza daquilo que Deus quis realizar com a Igreja e com a sua origem “do alto”.
Este fato requer então, o uso de uma extrema cautela na modulação de cada instituição
eclesial”.
“A este nível – sublinhou – a imagem de Cristo Bom Pastor é insuperável”,
“governar na Igreja é antes de tudo exercitar o poder de acolher e de oferecer aos
homens a vida boa que vem de Deus” e de custodiar como todos os meios esta vida: é
a missão de “apascentar o rebanho”.
Citando Ratzinger, Mueller recordou que
“Jesus é o Pastor Supremo da Igreja e é em seu nome e mandato que nós temos o cuidado
em custodiar o seu rebanho com plena disponibilidade, até o dom total da nossa existência”.
Assim, evidenciou, “à diferença dos normais pastores, Jesus Cristo não vive nas costas
do rebanho e não se nutre deste, mas ele mesmo “nos nutre com a sua carne e o seu
sangue”. “Esta – explicou o Card. Mueller – é a insistência e a perspectiva do magistério
eclesial que podemos encontrar tanto no ensinamento de Bento XVI como no de Francisco,
o qual sublinha em continuidade este ponto” e “é também a perspectiva na qual somos
convidados a olhar o Sínodo dos Bispos”. (JE)