Cidade do Vaticano (RV) – Na série de coletivas de imprensa, nestes dias, no
átrio da Sala Paulo VI, no Vaticano, em vista da canonização de João Paulo II e de
João XXIII, estiveram presentes, na tarde desta sexta-feira, os secretários de JPII
e de João XXIII, respectivamente, o Cardeal Stanislaw Dziwisz e o Cardeal Loris Capovilla.
Ao
tomar a palavra, o Cardeal Stanislaw Dziwisz, que foi secretário do beato João Paulo
II, por 39 anos, disse textualmente: “Vivi com um santo. A sua santidade consistiu
na oração, no sofrimento, na escuta aos outros, como também na sua relação privilegiada
com os enfermos, pobres e jovens. Mas, sobretudo, na oração. Eis o seu depoimento:
“Ele
rezava com a sua vida. Ele não separava a sua vida da oração. A sua vida era uma
oração. Tudo o que fazia passava através da oração. Em suas preces, ele se lembrava
de todos, passando de continente em continente, de país em país; ele rezava por diversas
intenções: pela paz, pela justiça, pelo respeito das pessoas e dos direitos humanos,
enfim, na intenção particular das pessoas. Ele rezou e perdoou o próprio autor do
seu atentado na praça São Pedro, no dia 13 de maio. Ele ofereceu seu sofrimento pela
Igreja e pelo mundo. Em suas viagens apostólicas pelo mundo, sobretudo nos países
subdesenvolvidos, ele gritava em defesa dos pobres, dos mais necessitados e sofredores.
Ele respeitava e acolhia a todos, sem distinção, até os não-cristãos, os judeus, os
muçulmanos. Enfim, abateu os muros, que dividiam povos e nações, abrindo a Igreja
ao mundo e aproximando o mundo à Igreja. Desde o início do seu longo pontificado,
que durou quase 26 anos, João Paulo II manteve uma relação de amizade especial com
os jovens, para os quais instituiu as Jornadas Mundiais da Juventude”.
Por
sua vez, o secretário pessoal de João XXIII, Cardeal Loris Capovilla, de quase 99
anos de idade, recordou a imagem do “Papa bom”, como Angelo Rocalli era chamado pelos
fiéis:
“Eu não vi morrer um homem idoso, de 81 anos e meio. Vi morrer uma
criança, de olhos esplendentes, com o fulgor das águas batismais; ele mantinha o sorriso
nos lábios, reflexo da profunda bondade do seu coração. Eu definiria o Papa João XXIII
como “homem do sorriso, da inocência e da bondade”. Na hora da sua morte, em 3 de
junho de 1963, eu lhe disse: “Santo Padre, estamos aqui, em seu quarto, apenas poucas
pessoas... mas a multidão reunida na Praça São Pedro é enorme, comovida e em oração”.
E ele replicou: “É normal que seja assim, pois um papa está para morrer. Eu amo todos
e sei que eles me amam”!” (MT)