Canonizações: Weigel e Navarro-Valls evidenciam santidade de João Paulo II
Cidade do Vaticano (RV) - A vida e o ministério petrino de João Paulo II descritas
por duas testemunhas particulares: Joaquín Navarro-Valls – porta-voz do Papa Wojtyla
durante 22 anos, e Georges Weigel – biógrafo do Papa polonês.
De fato, a vida
e o ministério petrino do Papa polonês foi o tema do quarto dia de coletiva, na manhã
desta quinta-feira na Sala de Imprensa da Santa Sé em vista das Canonizações de João
Paulo II e de João XXIII.
João Paulo II "o grande mestre de nosso tempo": assim,
na conversação desta manhã com os jornalistas, seu biógrafo apresentou o Papa polonês,
Santo no próximo domingo. Segundo Georges Weigel, foi sábia e corajosa a decisão do
Papa Francisco da canonização de Karol Wojtyla junto com a de João XXIII: um intuiu
a importância do Concílio Vaticano II, o outro deu-lhe uma interpretação importante
e decisiva.
João Paulo II, acrescentou Weigel, viveu o drama do Séc. XX, compreendeu-o
profundamente em seu coração, em seu pensamento e em seu ministério. O maior ensinamento
que deixa ao mundo de hoje coloca-se em três âmbitos: o do amor humano – ao qual respondeu
com uma clara teologia do corpo; o do trabalho – ao qual respondeu a partir da dignidade
do ser humano; e o do sofrimento e da morte:
"Num mundo em que a vida era etiquetada,
em que se discutia se esta valia ou não, João Paulo II ensinou-nos que todos os irmãos
tinham dignidade e que esta se expressava mediante o trabalho. Num mundo tão dividido
e que sofre, num mundo repleto de morte, João Paulo II ensinou-nos que Jesus nos mostra
a Sua divina misericórdia, e ensinou-nos que o sofrimento do ser humano foi disposto
favoravelmente pela salvação da humanidade."
"Em tudo isso João Paulo II ensinou-nos
um desafio e, ao mesmo tempo, ensinou-nos uma profunda compaixão. Ensinou-nos que
há um caminho melhor para a humanidade, mostrado em toda a sua vida. Sua própria vida
foi uma rejeição ao niilismo, o qual existe e representa um desafio para o futuro
da humanidade", frisou Weigel.
O testemunho que, por sua vez, Navarro-Valls
dá de João Paulo II, é rico de traços pessoais, marcado por uma relação de proximidade
e de afinidade. O ex-diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé falou sobre a santidade
de Wojtyla expressa em três verbos: rezar, trabalhar e sorrir. Oração que para o Pontífice
polonês foi "necessidade da alma" e "imagem mais eloquente de sua identidade":
"A
oração era para João Paulo II como para nós é o respirar: de um lado, uma naturalidade,
de outro, uma intensidade e uma constância enormes", ressaltou Navarro-Valls.
Também
no trabalho, observou, havia algo que falava de santidade. João Paulo II não sabia
perder um minuto e, ao mesmo tempo, jamais tinha pressa. Seu método era estudar os
problemas colocando-os em relação com as grandes verdades e levando sempre em consideração
as pessoas.
"Quando buscava resolver os problemas, tinha sempre fisicamente
em sua mente a pessoa ou as pessoas às quais se dirigia a solução do problema."
A
terceira dimensão desse futuro novo santo era a alegria, o bom humor – explicou ainda
Navarro-Valls –, que sem dúvida tem suas raízes na santidade porque, disse, do contrário
não se explicaria diante da gravidade dos problemas que enfrentou e dos grandes sofrimentos
que viveu.
Na conversação com os jornalistas emergiu também como foi dolorosa
para João Paulo II a descoberta do escândalo dos abusos na Igreja e como foi imediata
a sua resposta ao iniciar um processo de elucidação, depois continuado por Bento XVI.
(RL)