ACNUR e Parceiros pedem 274 milhões de dólares para Refugiados da RCA
Na República Centroafricana perdura a instabilidade e a violência. Por esta razão
o ACNUR, organismo das Nações Unidas para os Refugiados e outras 14 agências humanitárias
lançaram um apelo aos doadores a fim de porem à disposição fundos para operação de
emergência a favor do crescente número de pessoas que, desde Dezembro passado, estão
a abandonar o país.
Cerca de 200 mil centroafricanos e outros cidadãos que
residiam no país fugiram nos últimos quatro meses procurando reconstruir a vida noutros
países como Camarões, Chade, República Democrática do Congo e República do Congo.
Segundo previsões do ACNUR e dos seus parceiros, o número de pessoas deslocadas
devido à crise na República Centroafricana poderá atingir 362.200 pessoas até finais
deste ano. Por isso dirigem um apelo a recolher 274 milhões de dólares para financiar
o Plano das operações humanitárias ao longo deste ano.
Todas as agências que
actuam na região são fortemente sub-financiadas – afirmou o Alto Comissário das Nações
Unidas para os Refugiados, António Guterres, durante a apresentação do Plano aos delegados
reunidos na sede da ONU em Genebra. O ACNUR – disse – está já a gastar o triplo do
dinheiro que recebeu ou foi prometido para a emergência e está ainda muito longe de
dar uma resposta satisfatória à dramática situação das pessoas. Uma situação semelhante
é insustentável”.
O dinheiro serve para enfrentar as exigências imediatas
de alojamento, alimentação, água, medicamentos e outras necessidades primárias. Isto
para além de despesas de registo e construção de estruturas de acolhimento.
A
crise na República Centroafricana iniciou em Dezembro de 2012, quando os rebeldes
Seleka desencadearam uma revolta no Norte do país levando à queda do regime em Março
de 2013. As milícias Seleka, sobretudo de religião muçulmana, entraram em choque com
grupos de jovens organizados no âmbito do movimento anti-Balaka, essencialmente cristãos,
que está agora a tomar como alvo as comunidades muçulmanas na capital, Bangui, e na
parte ocidental do país.
As violências têm tido um efeito devastante sobre
a população civil de ambas as comunidades tendo já provocado mais de 600 mil deslocados
no seio do país. Os grupos que fogem das atrocidades são essencialmente mulheres e
criança que chegam aos países limítrofes profundamente traumatizados. Muitos trazem
feridas provocadas por armas de fogo ou machetas e são mal nutridos e exaustos devido
a longas semanas de caminhada e de procura de esconderijos.
De entre os parceiros
do ACNUR no plano de resposta regional à crise humanitária destacam-se: Aviões sem
Fronteiras; Care Internacional, Caritas, FAO (Fundo das Nações Unidas para a Alimentação
e a Agricultura), Oxfam, Plano Internacional, Première Urgence-Aide Medicale International,
Save the Children Internacional, UNFPA (Fundo das Nações Unidas para a População,
UNICEF, PAM (Programa Alimentar Mundial) e Organização Mundial da Saúde (OMS).