Lógica de Deus: da periferia ao centro e daí à periferia - Papa aos alunos e professores
da Universidade Gregoriana
Ao meio dia,
na Sala Paulo VI, o Santo Padre acolheu a numerosa Comunidade da Pontifícia Universidade
Gregoriana, de Roma, do Pontifício Instituto Bíblico e do Pontifício Instituto Oriental
(ao todo umas cinco mil pessoas, entre estudantes e professores). Três instituições
agregadas entre si e confiadas à Companhia de Jesus, como recordou logo no início
do seu discurso o Papa Francisco, recomendando que se intensifiquem a colaboração
e as sinergias, encarando o futuro com criatividade, com uma visão global da situação
e dos desafios atuais.
O Santo Padre sublinhou como especialmente significativo
o facto de estas instituições académicas se encontrarem desde sempre estabelecidas
em Roma, com tudo o que isso comporta de ligação à Igreja e a um passado e um presente
eclesiais: as memórias dos Apóstolos e Mártires, no passado, mas também o hoje desta
“Igreja que preside à caridade, ao serviço da unidade e à universalidade”. Tudo isto
– advertiu o Papa Francisco – precisa de ser “vivida o valorizado”, com um empenho
institucional mas também pessoal, de cada um. Aliás, outro aspeto a ter bem presente
é a variedade das Igrejas de proveniência, das culturas dos que formam estas comunidades
académicas.
“Esta é uma das inestimáveis riquezas das instituições romanas!
Oferece uma preciosa ocasião de crescimento na fé e de abertura da mente e do coração
ao horizonte da catolicidade. Dentro deste horizonte, a dialética entre centro
e periferia assume uma forma própria, a forma evangélica, segundo a lógica
de Deus, que chega ao centro a partir da periferia e para tornar à periferia”.
Um
outro aspeto recordado pelo Papa foi a “relação entre estudo e vida espiritual”. O
empenho intelectual, no ensino e na investigação, será tanto mais fecundo e eficaz
quanto mais animado for pelo amor a Cristo e à Igreja, quanto mais sólida e harmoniosa
for a relação entre estudo e oração”. Papa Francisco recorda a necessidade de estudar
“com a mente aberta e de joelhos”. “É necessária uma verdadeira hermenêutica evangélica
para perceber melhor a vida, o mundo, os homens”. É questão de “uma atmosfera
espiritual de investigação e certeza baseada sobre as verdade da razão e da fé”. “O
bom teólogo e filósofo tem um pensamento incompleto”, “sempre em desenvolvimento”,
que – como diz São Vicente de Lérins – “se consolida com os anos, se dilata com o
tempo, se aprofunda com a idade”.
A concluir, o Santo Padre recordou ainda
que é “eclesial” o objectivo dos estudos em qualquer Universidade Pontifícia. A Universidade
Gregoriana, o Instituto Bíblico, o Instituto Oriental – advertiu – “não são máquinas
para produzir teólogos e filósofos; são comunidades em que se cresce… em família”.
É indispensável “criar uma atitude de humanidade e de sabedoria concreta que faça
dos estudantes de hoje pessoas capazes de construir humanidade, de transmitir a verdade
em dimensão humana, sabendo que se faltar a bondade e a beleza de pertencer a uma
família de trabalho se acaba por ser um intelectual sem talento… um pensador carecido
do esplendor da beleza, apenas “maquilhado” de formalismos”.