Cidade do Vaticano (RV) – Cerca de 3 mil ‘parmureli’ – folhas novas brancas
de palmeira tramadas – deverão ser usadas na Praça São Pedro, por ocasião da celebração
do Domingo de Ramos. Seguindo uma antiga tradição, estes trabalhos artesanais com
valor religioso e também ornamental, serão enviados de San Remo e de Bordighera, região
da Ligúria, e serão entregues ao Santo Padre, aos Cardeais, Bispos e fiéis presentes
na cerimônia.
A ‘parmurelu’ que será entregue ao Papa Francisco foi entrelaçada
com três folhas de palmeira unidas, simbolizando a Santíssima Trindade: Pai, Filho
e Espírito Santo. A obra foi confeccionada nos dias passados na Cooperativa ‘Il cammino’,
junto aos outros 3 mil exemplares de dimensões menores, todos entrelaçados segundo
a tradição da Ligúria.
A tradição das ‘parmureli’ nasceu de um episódio ocorrido
em 10 de setembro de 1586 na Praça São Pedro, no momento em que foi levantado o obelisco
egípcio de 26 metros de altura, pesando 350 toneladas, tendo como protagonista o Capitão
Benedetto Bresca, de San Remo. Dada a complexidade da operação, o Papa Sisto V havia
ordenado o silêncio absoluto dos trabalhadores. Ao observar que as cordas que levantavam
o obelisco estavam por se romper, Bresca, conhecedor da técnica para evitar o acidente
e transgredindo a ordem, gritou: “Aiga ae corde" (água nas cordas). As cordas são
então molhadas e a operação é completada sem problemas. Sisto V, agradecido, ofereceu
a ele a escolha de uma compensação. Bresca pediu o privilégio de ter a honra de ser
o fornecedor oficial das palmas pascais ao Pontífice.
A operação de entrelaçar
as folhas mais novas e brancas da palmeira é realizada normalmente no núcleo familiar.
Assim, esta técnica especial, é repassada de pai para filho, de geração em geração.
A
tradição das ‘parmureli’ serem enviadas da Ligúria foi interrompida nos anos 70, quando
coube às monjas camaldulense a missão de trançar as folhas novas das palmeiras para
as igrejas de Roma. Numa iniciativa do Centro de Estudos e Pesquisa das Palmas, da
Cooperativa Social ‘Il Cammino’ e da Prefeitura de San Remo, a antiga tradição foi
retomada em 2003, permanecendo até os dias atuais (JE).