Na Síria, pastoral de apoio aos cristãos: "Virão tempos difíceis"
Aleppo (RV) - “Em Aleppo, colocamos no centro da nossa pastoral a condição
em que nos encontramos. Estamos experimentando a cada dia o que quer dizer atravessar
com fé os tempos de sofrimento. Agora nos ajudará também com seu exemplo Padre Frans
Van der Lugt, que testemunhou até o martírio o seu amor a Cristo e ao povo sírio”.
Foi o que referiu à Agência Fides o sacerdote armênio-católico Joseph Bazuzu, responsável
pelos encontros mensais dos sacerdotes e dos agentes de pastoral da martirizada metrópole
síria.
“Há mais de um ano – explicou o sacerdote – sugerimos orientar a pastoral
ordinária à palavras e reflexões que possam sustentar o povo de Deus na condição em
que estamos vivendo. Partimos das palavras de Jesus no Evangelho, e também daquilo
que disse São Paulo na Segunda Carta a Timóteo: ‘Agora saibam porém, que nos últimos
dias virão tempos difíceis’. Às vezes tem quem escolha as próprias penitências para
fazer caminhos de mortificação. Para nós as cruzes a serem carregadas vem de fora,
nas as escolhemos nós. Para ajudar-nos a viver este tempo, nas homilias e nos encontros
de catequese concentramos a reflexão nos passos do Novo Testamento que descrevem esta
condição, em que somente a ajuda de Cristo pode nos sustentar”.
O brutal assassinato
do Padre Van der Lugt comoveu não somente os cristãos. O jesuíta holandês de 75 anos,
40 vividos na Síria, tinha preciosos canais de comunicação com os muçulmanos, também
graças à atividade de psicoterapeuta. Decidiu permanecer em Homs, mesmo com os bombardeios
diários e a falta de comida, no bairro de Bustan al-Diwan, controlado pelos rebeldes
e há muito tempo assediado pelo exército de Assad. Ele permaneceu na sua residência
mesmo após as operações de evacuação da população civil ocorrida em Homs, com a supervisão
da ONU e com o consenso das partes em luta.
Até o momento o assassinato não
foi reivindicado. A Mídia estatal síria atribuiu o ataque a “terroristas’, expressão
com a qual o governo sírio define todas as formações e milícias de oposição. Também
a ‘Syrian National Coalition’, coalizão dos grupos anti-Assad apoiada pelas Nações
médio orientais e ocidentais, condenaram o assassinato do sacerdote, sustentando que
Padre Van der Lugt estava “sob proteção” pela ‘Free Syrian Army’, a sigla militar
anti-Assad que faz referência à ‘Syrian National Coalition’. (JE)