2014-04-08 15:10:35

Luto nacional em Ruanda, nos 20 anos do genocídio de 1994


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No Ruanda, decorre a partir de ontem, 7 de abril, um período de “luto nacional” comemorativo dos 20 anos do início do genocídio de 1994. Aliás desde janeiro passado que uma tocha – simbolizando a memória colectiva daquela tragédia – está a percorrer uma a uma todas as localidades do país.
Iniciado a 7 de abril, na sequência do abatimento do avião em que viajava o então presidente Juvenal Habyarimana, o massacre prolongou-se por mais de três meses, até 19 de julho de 1994. Segundo a ONU, extremistas da etnia hútu assassinaram barbaramente pelo menos 800 mil pessoas de etnia tutsi e hútus moderados. Também a Igreja contou as suas vítimas, nomeadamente o arcebispo de Kigali e outros três bispos, mais 123 padres (109 diocesanos e 14 religiosos) e umas 300 religiosas.
Insistentes e repetidos foram os apelos lançados por João Paulo II, que foi o primeiro a falar em “genocídio”, na audiência geral de 27 de abril de 1994, suplicando que se pusesse termo àquele “banho de sangue”.
Domingo passado, ao meio-dia, na praça de São Pedro, por ocasião do Angelus, também o Papa Francisco evocou este triste aniversário do início do genocídio no Ruanda, apelando à paz no país africano.
“Nestas circunstâncias, desejo exprimir a minha paterna vizinhança ao povo ruandês, encorajando-o a prosseguir, com determinação e esperança, o processo de reconciliação que já manifestou os seus frutos e o compromisso de reconstrução humana e espiritual do país”.
Convidando todos a rezarem conjuntamente a Nossa Senhor de Kibeho, padroeira do Ruanda, o Papa confiou-lhe a população ruandesa, à qual dirigiu um apelo:
“A todos digo: não tenhais medo! Construí a vossa sociedade sobre a rocha do Evangelho, no amor e na concórdia, porque só assim se gera uma paz duradoura”.
O Papa recordou também o encontro tido, quinta-feira passada, com os bispos do país africano, vindos todos ao Vaticano, em visita “ad limina Apostolorum”. Nessa altura, o Papa recordou expressamente o “terrível genocídio” no Ruanda, considerando que subsistem “feridas que estão ainda longe de estar cicatrizadas”.
“Associo-me de todo o coração ao luto nacional”, declarou então o Papa, assegurando a sua oração “pelos bispos, pelas comunidades tão dilaceradas e por todas as vítimas e as suas famílias, por todo o povo ruandês, sem distinção de religião, de etnia ou de opção política”. Para o Papa, duas décadas após estes “trágicos eventos”, “a reconciliação e a cura de feridas continuam a ser, sem dúvida, a prioridade da Igreja no Ruanda”.








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