Papa Francisco exorta as testemunhas de Cristo a serem humildes, não triunfalistas
Cidade do Vaticano (RV) - A entrevista que o Papa Francisco concedeu em 31
de março passado, no Vaticano, a alguns jovens belgas, cujos trechos principais foram
transmitidos nesta quinta-feira pela televisão pública flamenga da Bélgica VRT, tem
tido ampla repercussão em várias partes do mundo. Neste sábado foi publicada integralmente.
Já na sexta-feira, dia 4, a Rádio Vaticano trouxe boa parte da entrevista, e agora
propomos alguns trechos inéditos da mesma.
Os pobres são uma bandeira do Evangelho,
não do comunismo: essa tem sido uma das expressões do Papa de maior repercussão na
mídia internacional.
Em sua reflexão mais ampla, agora publicada integralmente,
o Papa Francisco fazia referência também a outra pobreza. De fato, no Evangelho lê-se
que Jesus tinha "certa preferência pelos marginalizados":
"Os leprosos, as
viúvas, as crianças órfãs, os cegos... as pessoas marginalizadas. E também os grandes
pecadores... e essa é a minha consolação! Sim, porque Ele não se assusta nem mesmo
com o pecado! Quando encontrou uma pessoa como Zaqueu, que era um ladrão, ou como
Mateus, que por causa do dinheiro era um traidor da pátria, Ele não se assustou! Olhou
para eles e os escolheu. Também esta é uma pobreza: a pobreza do pecado."
Respondendo
a outra pergunta, Francisco afirma encontrar Deus, sobretudo, nos doentes: mas também
na leitura da Bíblia, na celebração dos Sacramentos, no trabalho cotidiano e, obviamente,
na oração. Mas, e como o Papa reza a Deus?
"Deixo que Ele olhe para mim. E
sinto – mas não é sentimentalismo –, sinto profundamente as coisas que o Senhor me
diz. Algumas vezes não fala... nada, vazio, vazio, vazio... mas pacientemente permaneço
ali, e assim rezo... Fico sentado, rezo sentado, porque tenho dificuldade para ajoelhar-me,
e algumas vezes me adormeço na oração... É também uma maneira de rezar, como um filho
com o Pai, e isso é importante: sinto-me filho com o Pai."
Por fim, uma pergunta
sobre como anunciar o Evangelho aos outros na sociedade de hoje: -"O melhor caminho
é o testemunho, mas humilde: 'Sou desse jeito', com humildade, sem triunfalismo. Este
é outro pecado nosso, o triunfalismo é uma atitude ruim. Jesus não foi triunfalisata,
e também a história nos ensina a não sermos triunfalistas, porque os grandes triunfalistas
foram derrotados. O testemunho: essa é uma chave, ela interpela. E procuro dar esse
testemunho com humildade, sem fazer proselitismo. E o ofereço. É desse jeito. E isso
não faz medo. Não é um partir para as cruzadas." (RL)