Papa Francisco na celebração penitencial: "Jesus nos espera nos últimos, nos pobres"
Cidade do Vaticano (RV) - O Papa Francisco presidiu a celebração penitencial
na tarde desta sexta-feira, na Basílica de São Pedro. A cerimônia marcou o início
da iniciativa "24 horas para o Senhor", promovida pelo Pontifício Conselho para a
Promoção da Nova Evangelização, neste tempo quaresmal.
O Papa se confessou
e depois confessou alguns fiéis. O evento "24 horas para o Senhor" está sendo realizado
em várias dioceses do mundo, em vista do IV Domingo da Quaresma, Dominica Laetare,
30 de março.
Eis a homilia do Papa Francisco, na íntegra.
No período
da Quaresma, a Igreja, em nome de Deus, renova o apelo à conversão. É um chamado a
mudar de vida. Converter-se não é questão de um momento ou de um período do ano...
é um compromisso que dura toda a vida. Quem, entre nós, pode pensar que não é pecador?
Ninguém. O Apóstolo João escreve: “Se dissermos: ‘Não temos pecado’, enganamo-nos
a nós mesmos e a verdade não está em nós. Se confessarmos os nossos pecados, ele,
que é fiel e justo, perdoará os nossos pecados e nos purificará de toda injustiça”.
(1 Jo 1,8-9). É o que acontece também aqui nesta celebração e em toda esta ‘jornada’
penitencial. A Palavra de Deus que acabamos de ouvir nos apresenta dois elementos
essenciais da vida cristã.
O primeiro é “Revestir-nos do Homem Novo, criado
segundo Deus” (Ef 4,24), que nasce no Batismo, quando recebemos a própria vida de
Deus que faz de nós seus filhos e nos incorpora a Cristo e à sua Igreja. Esta vida
nova nos permite ver a realidade com olhos diferentes, sem nos deixar distrair por
coisas que não contam nada e que não podem durar no tempo. Por isso, somos chamados
a renunciar a comportamentos do pecado e dirigir nossos olhos ao essencial.
«O
homem vale mais por aquilo que é do que por aquilo que tem» (Gaudium et spes, 35).
Eis a diferença entre a vida deformada pelo pecado e a vida iluminada pela graça.
Do coração do homem renovado por Deus, provêm bons comportamentos: falar sempre a
verdade e evitar toda mentira; não roubar, mas compartilhar aquilo que se tem com
os outros, especialmente com quem precisa; não ceder à ira, ao rancor e à vingança,
mas ser dócil, generoso e pronto ao perdão; não fazer calúnias que arruínam a fama
das pessoas, mas ver mais o lado positivo de cada um.
O segundo elemento é:
Permanecer no amor. O amor de Jesus Cristo dura para sempre, nunca terá fim, porque
é a própria vida de Deus. Este amor vence o pecado e dá a força para nos reerguermos
e recomeçar, porque com o perdão, o coração se renova e rejuvenesce. O nosso Pai nunca
se cansa de amar e seus olhos não se cansam de olhar para a rua de casa para ver se
o filho que se perdeu está voltando à casa. E este Pai não se cansa também de amar
o outro filho, que embora esteja sempre em casa com ele, não é partícipe da sua misericórdia
e da sua compaixão. Deus não está somente na origem do amor, mas, em Jesus Cristo,
nos chama a imitar o seu mesmo modo de amar: “Amai-vos uns aos outros como eu vos
amei”. (Jo 13,34). Na medida em que os cristãos vivem este amor, se tornam discípulos
críveis de Cristo no mundo. O amor não consegue ficar fechado em si mesmo. É aberto
por natureza, se difunde e é fecundo, gera sempre novo amor.
Queridos irmãos
e irmãs, depois desta celebração, muitos entre vocês serão missionários e proporão
a outros a experiência da reconciliação com Deus. “24 horas para o Senhor” é uma iniciativa
à qual aderiram muitas dioceses, em várias partes do mundo. A todos que encontrarem,
vocês podem transmitir a alegria de receber o perdão do Pai e de reencontrar a amizade
plena com Ele. Quem vivencia a misericórdia divina é incentivado a ser artífice de
misericórdia em meio aos últimos e aos pobres. Jesus nos aguarda nestes “irmãos menores”!
Vamos ao encontro deles e celebraremos a Páscoa na alegria de Deus! (CM/MJ)