Discórdias são obstáculo à evangelização: Papa aos Bispos da Guiné-Conakri, pedindo
Comunidades fraternas e reconciliadas
Nesta segunda-feira de manhã o Papa Francisco recebeu: - o card. Fernando Filoni,
Prefeito da Congregação para a Evangelização dos Povos; - os três bispos da Conferência
Episcopal da Guiné-Conakri, liderados pelo arcebispo D. Vincent Coulibaly; - os participantes
na plenária do Conselho Pontifício para a pastoral no campo da Saúde.
Nas
palavras dirigidas aos Bispos da Guiné-Conakri, vindos a Roma para a visita “ad limina
Apostolorum”, o Papa sublinhou a necessidade de pôr de lado discórdias e contraposições,
que prejudicam o testemunho cristão. “Para que o Evangelho toque e converta os corações
em profundidade, precisamos de nos recordar que é somente unidos no amor que podemos
testemunhar a verdade do Evangelho”. “As discórdias entre cristãos são o maior obstáculo
à evangelização”.
“Num mundo ferido por tantos conflitos étnicos, políticos
e religiosos, as nossas comunidades devem ser autenticamente fraternas e reconciliadas”.
“Não nos deixemos roubar o ideal do amor fraterno” – insistiu o Papa, citando a sua
Exortação Apostólica “Evangelii gaudium”.
O Santo Padre recordou também a
necessidade de viver uma existência coerente com o Evangelho que anunciamos, para
que o anúncio da Boa Nova possa dar fruto. Neste contexto, referiu expressamente os
leigos empenhados na pastoral, em especial os catequistas, que (disse) desempenham
um trabalho insubstituível de evangelização e de animação das comunidades.
Relativamente
ao empenho na sociedade, também como expressão do justo apego ao seu país, o Papa
sugeriu aos bispos da Guiné-Conakri que encorajem os leigos, sobretudo os mais jovens,
a serem “sempre e por toda a parte artífices de paz e de reconciliação, para lutar
contra a extrema pobreza com que se confronta a Guiné”. Nesta perspectiva, e embora
reconhecendo as dificuldades concretas existentes no terreno, o Santo Padre encorajou
as “relações com os compatriotas muçulmanos, aprendendo uns dos outros a aceitar diferentes
maneiras de ser, de pensar e de se exprimir”.
Não faltou uma palavra final
de apreço e agradecimento “aos religiosos e religiosas que… fornecem ao povo guineense
a oferta insubstituível da sua oração”, “vivendo muitas vezes em situação de grande
pobreza”. O Papa recomendou aos Bispos da Guiné-Conakri que os apoiem e acompanhem,
assim como aos padres, sobrecarregados pelas tarefas pastorais em razão do seu número
reduzido.
Por sua vez, na saudação dirigida aos participantes na Assembleia
Plenária do Conselho Pontifício para a Pastoral no campo da Saúde, o Papa Francisco
recordou a figura do Beato João Paulo II, que escrevia há 30 anos, na Carta Apostólica
que criava este organismo da Cúria Romana: “Fazer bem com o sofrimento e fazer bem
a quem sofre”. Palavras que ele própria viveu e testemunhou de modo exemplar.
“Até
no sofrimento – recordou o Santo Padre – ninguém está nunca só, porque Deus no seu
misericordioso pelo homem e pelo mundo abraça mesmo as situações mais desumanas, em
que a imagem do Criador presente em cada pessoa aparece ofuscada ou desfigurada”.
“Como aconteceu a Jesus na sua Paixão”.
É precisamente na Paixão de Jesus
que se encontra a grande escola para quem quer que deseje dedicar-se ao serviço dos
irmãos doentes e sofredores” - recordou o Papa, que exortou a nunca esquecer “no
exercício da atividade de cada dia, a carne de Cristo, presente nos pobres, nos que
sofrem, nas crianças (mesmo não desejadas), nas pessoas com deficiências físicas ou
psíquicas, e nos idosos”.