Papa no Angelus: o encontro com Jesus muda a nossa vida. A misericórdia é maior que
os preconceitos
Cidade do Vaticano
(RV) – Ao meio dia deste domingo (23) o Papa Francisco assomou à janela do apartamento
Pontifício para rezar, com os cerca de 40 mil de fiéis reunidos na Praça São Pedro,
a tradicional oração mariana do Angelus. A “água viva da misericórdia que jorra
até a vida eterna”, representada pelo encontro de Jesus com a Samaritana junto ao
poço em Sicar, esteve no centro da reflexão do Pontífice neste terceiro domingo da
Quaresma.
Partindo do Evangelho do dia, Francisco observou que o pedido de
Jesus à Samaritana – “Dá-me de beber“, “supera todas as barreiras de hostilidade entre
judeus e samaritanos e rompe os esquemas de preconceito em relação às mulheres”:
“O
simples pedido de Jesus é o início de um diálogo sincero, mediante o qual Ele, com
grande delicadeza, entra no mundo interior de uma pessoa à qual, segundo os esquemas
sociais, não deveria nem mesmo dirigir uma palavra. Jesus se coloca no lugar dela,
não julgando-a, mas fazendo-a sentir-se considerada, reconhecida, e suscitando assim
nela o desejo de ir além da rotina cotidiana”.
Ao pedir água à Samaritana,
Jesus queria “abrir-lhe o coração”, “colocar em evidência a sede que havia nela”.
“A sede de Jesus – disse o Papa, não era tanto de água, mas de encontrar uma alma
sequiosa”.
“A Quaresma – recordou Francisco - é o tempo oportuno para olharmos
para dentro de nós, para fazer emergir as nossas necessidades espirituais mais verdadeiras
e pedir a ajuda do Senhor na oração”. E observou, que a exemplo da Samaritana, também
nós temos muitas perguntas a serem feitas a Jesus, “mas não encontramos a coragem”
para fazê-las.
O Evangelho diz que os discípulos ficaram maravilhados que o
seu Mestre tenha falado com aquela mulher. Mas, “o Senhor é maior do que os preconceitos.
E isto devemos aprender bem” – exortou Francisco -, pois a misericórdia é maior do
que os preconceitos”. E o resultado do encontro junto ao poço foi o de uma mulher
transformada”:
“Deixou o seu jarro com o qual ia buscar água e correu à
cidade para contar a sua experiência extraordinária. ‘Encontrei um homem que me disse
todas as coisas que eu fiz. Era o Messias? Estava entusiasmada. Foi buscar água no
poço, e encontrou uma outra água, a água viva da misericórdia que jorra para a vida
eterna. Encontrou a água que sempre procurou! Corre ao vilarejo, aquele vilarejo que
a julgava, a condenava e a rejeitava, e anuncia que encontrou o Messias: alguém que
mudou a sua vida. Pois cada encontro com Jesus nos muda a vida, sempre. É um passo
em frente, um passo mais próximo a Deus”.
Ao concluir sua reflexão, Francisco
recordou que no Evangelho de hoje “encontramos também nós o estímulo para ‘deixar
o nosso jarro’, símbolo de tudo aquilo que aparentemente é importante, mas que perde
valor diante do ‘amor de Deus’, e todos temos um, ou mais de um jarro:
“Eu
pergunto a vocês e também a mim: ‘Qual é o teu jarro interior, aquele que te pesa,
aquele que te afasta de Deus? Deixemo-lo um pouco de lado e com o coração escutemos
a voz de Jesus que nos oferece uma outra água, uma outra água que nos aproxima do
Senhor”.
“Somos chamados a redescobrir a importância e o sentido de nossa
vida cristã, iniciada no Batismo – disse o Papa - e, como a Samaritana, testemunhar
aos nossos irmãos a alegria do encontro com Jesus e as maravilhas que o seu amor realiza
na nossa existência”. Mas testemunhar o que?:
“Testemunhar a alegria do
encontro com Jesus, pois cada encontro com Jesus muda a nossa vida, e também cada
encontro com Jesus nos enche de alegria, aquela alegria que vem de dentro. Contar
quantas coisas maravilhosas sabe fazer o Senhor no nosso coração, quando nós temos
a coragem de deixar de lado o nosso jarro”.
Após a reflexão e a oração
do Angelus, o Papa Francisco dirigiu sua saudação aos fiéis de diversas proveniências
reunidos na Praça São Pedro e adjacências. Em particular, ao recordar o Dia Mundial
da Tuberculose celebrado nesta segunda-feira (24), pediu orações por todas as pessoas
atingidas pela doença e por todos que de alguma maneira se ocupam delas”. (JE)