2014-03-22 12:23:46

O Tráfico Humano - CF 2014 (II)


Santa Maria (RV) - Por que será que se fala e se sabe tão pouco sobre este tema? Uma das respostas poderia ser: porque é feito às escondidas para fugir do flagrante e da punição. Essa “invisibilidade” é denunciada pela CF 2014, que pede à sociedade que esteja atenta à sua prática, aprenda a identificá-la e a denuncie com determinação e coragem.

Infelizmente, no mundo, o tráfico humano é muito grande. Segundo a revista Época (n. 770), “um estudo do Escritório da ONU sobre Drogas e Crimes, estima que 800 mil a 2,4 milhões de pessoas vivem traficadas hoje no mundo – um negócio ilegal que movimenta pelo menos 32 bilhões de dólares por ano. No Brasil, o cenário é parecido. A Polícia Federal, entre 2005 e 2011, abriu 514 inquéritos sobre o tráfico de pessoas. A maior parte foi aliciada para trabalho escravo e exploração sexual” (cfr. p.44-46).

O que a Igreja diz sobre o tráfico humano?

Muitas vezes a Igreja tem se pronunciado, assim como age na prevenção e na denúncia desse crime horrendo. O Papa João Paulo II afirmou: “O comércio de pessoas humanas constitui uma chocante ofensa contra a dignidade humana e uma grave violação dos direitos humanos fundamentais. Já o Concílio Vaticano II apontou ‘a prostituição, o mercado de mulheres e jovens e também as condições degradantes do trabalho, que reduzem os operários a meros instrumentos de lucros, sem respeitar-lhes a personalidade livre e responsável’ como ‘infâmias’ que ‘envenenam os que as cometem’ e constituem ‘uma suprema desonra ao Criador’” (GS 27).

O Papa Francisco recentemente afirmou: “Insisto que o tráfico de pessoas é uma atividade ignóbil, uma vergonha para as nossas sociedades, que se dizem civilizadas! Exploradores e clientes de todos os níveis deveriam fazer um exame sério de consciência diante de si mesmo e perante Deus! Hoje a Igreja renova o seu apelo vigoroso a fim de que sejam sempre salvaguardadas a dignidade e a centralidade de cada pessoa, no respeito pelos seus direitos fundamentais, como ressalta a sua doutrina social, direitos que ela pede que sejam estendidos realmente onde não são reconhecidos para milhões de homens e mulheres em todos os Continentes... Num mundo onde se fala tanto de direitos, parece que o único que os tem é o dinheiro. Vivemos num mundo onde é o dinheiro que manda. Não vos esqueçais da carne de Cristo que está na carne dos refugiados: a carne deles é a carne de Cristo” (24/05/2013).

Naturalmente surge a pergunta: o que nós podemos e devemos fazer contra o tráfico humano? Entre outras atitudes, podemos e devemos: 1. Interessar-nos pelo assunto, aprendendo a identificar os casos de tráfico humano; 2. Acompanhar as celebrações, reflexões e outras atividades da Campanha da Fraternidade na comunidade e pelos meios de comunicação; 3. Estudar, de preferência em grupo, o Texto-Base da CF 2014, redigido pela CNBB; 4. Descobrir e participar de pastorais e outros grupos que defendem e promovem a dignidade humana; 5. Denunciar os casos de tráfico humano.

Certamente esta CF 2014 vai produzir muitos frutos na sociedade brasileira, pois, “a defesa e a promoção da dignidade da pessoa humana nos foram confiadas pelo Criador. Em todas as circunstâncias da história, os homens e as mulheres são rigorosamente responsáveis e obrigados a esse dever” (GS 26).

Dom Hélio Adelar Rubert
Arcebispo Metropolitano de Santa Maria - RS















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