2014-03-18 12:46:59

Sri Lanka: apelo em prol dos direitos humanos


Mannar (RV) – É urgente uma investigação internacional sobre as violações dos direitos humanos e do direito humanitário, ocorridas durante a guerra civil e que ainda se perpetuam em Sri Lanka: é o que escrevem os sacerdotes tâmeis residentes no Norte e no Leste da ilha, em uma carta ao Conselho da Onu para direitos humanos. A carta é assinada por 205 sacerdotes e religiosos, como os Oblatos de Maria Imaculada, Jesuítas e outros religiosos, além de 100 religiosas. O primeira signatário é Dom Rayappu Joseph, Bispo de Mannar, que se expôs ao pedir a intervenção da Onu.

O Bispo, definido “Romero de Sri Lanka”, está recebendo pressões e ameaças de morte. “Há quase cinco anos do fim da guerra, ainda não vimos alguma verdade e justiça emergir de mecanismos nacionais”, afirma o texto, notando que “a população tâmil permanece discriminada e atingida. Desaparecimentos, abusos sexuais, prisões, detenções e torturas justificadas pela lei antiterrorismo, restrições à liberdade de reunião, expressão, associação e movimento continuam ainda hoje”, denunciam os religiosos.

“Os tâmeis não podem homenagear coletivamente mortos e desaparecidos. Quando criticam políticas e práticas do governo e os defensores de direitos humanos, são vistos como promotores do terrorismo ou traidores”, escrevem. Entre eles, há também vários sacerdotes católicos que foram “interrogados, ameaçados e intimidados”. “O exército continua a sua ingerência nas atividades civis e econômicas, especialmente no Norte e no Leste, ameaçando a emancipação civil e econômica das populações locais”, prossegue.

Ao mesmo tempo, afirmam, “estamos preocupados com o incremento dos esforços sistemáticos e das medidas para destruir a identidade da comunidade tâmil. Centros e institutos militares ocupam as terras dos tâmeis, enquanto projetos de desenvolvimento e a colonização organizada de cingaleses prosseguem aceleradamente no Norte e no Leste da ilha, onde os tâmeis são historicamente a maioria”.

O clero denuncia também “a imposição da língua cingalesa e da religião budista no Norte e no Leste do país”. “Não houve nenhum autêntico processo político para enfrentar pela raiz as causas do conflito, que se agravam”, destaca a carta. Por isso, é urgente que a comunidade internacional, por meio das Nações Unidas, encontre formas concretas de assistência para o povo tâmil. Pede-se, portanto, que a Onu investigue sobre as acusações de violações dos direitos humanos internacionais e do direito humanitário durante a guerra; identifique claramente as unidades e os indivíduos responsáveis; monitore as violações de direitos humanos em todo Sri Lanka com uma equipe de especialistas da Onu, providencie programas de proteção para as vítimas e as testemunhas; e garanta aos especialistas o acesso ilimitado a todos os lugares importantes, a pessoas e documentos. (SP)







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