Cardeal Sandri nos 10 anos da Mensagem de Amã: a formação das crianças e jovens possibilita
convivência pacífica e construtiva entre as religiões
Roma (RV) – Se crianças de religiões diferentes aprendem desde pequenas a viver
uma ao lado das outras, o mundo de amanhã conhecerá mais concórdia e menos divisões.
Esta foi a essência do pronunciamento do Cardeal Leonardo Sandri, na manhã desta terça-feira
(18), no Campidoglio, em Roma, durante o Dia de Estudos dedicado aos 10 anos da “Amman
Message” (Mensagem de Amã), a declaração em que o Rei da Jordânia Abdullah II exortou
à tolerância e à unidade no mundo islâmico.
“Se hoje somos ‘um mundo de feridos’
- porque as religiões que professamos viram no passado alguns de seus membros agirem
com violência em nome do seu Deus – amanhã poderemos constatar que uma pacífica e
construtiva convivência é possível, se agora ensinarmos isto aos jovens”. É um verdadeiro
hino à paz - baseado em dezenas de experiências concretas -, o pronunciamento do Cardeal
Sandri proferido na Sala da Protomoteca no Campidoglio. O ponto de partida de sua
exposição foi a constatação dos “contra-testemunhos e das distâncias” que – afirmou
– caracterizaram, em diversas circunstâncias da história, a vida da comunidade cristã
e, em modo análogo, da islâmica.
No primeiro caso, o Prefeito da Congregação
para as Igrejas Orientais recordou o genocídio em Rwanda e no segundo, uma passagem
da própria ‘Amman Message’, na qual, em novembro de 2004, o rei Abdullah II da Jordânia,
estigmatizava o ataque contra as religiões muçulmanas por parte – escrevia – “de alguns
que sustentam pertencer ao Islã e cometem atos terríveis em seu nome”.
Existe,
todavia, uma longa série de experiências que demonstram o contrário. O Cardeal Sandri
recordou os momentos de recíproca proximidade e solidariedade entre cristãos e muçulmanos,
experimentados em diversas circunstâncias, mesmo dramáticas, durante suas recentes
viagens ao Iraque e Líbano. Deste modo, destacou a “prioridade” do dicastério por
ele guiado, que é de buscar, onde quer que seja, a “cura da formação”, em particular
nas estruturas eclesiais romanas freqüentadas por numerosos estudantes católicos e
de outras igrejas cristãs.
“Juntos – explicou – são formados para uma recíproca
convivência e colaboração segundo os princípios do diálogo ecumênico e inter-religioso
indicados pelo Concílio Ecumênico Vaticano II, respeitando as diferenças, mas tendo
como prioridade igualmente o bem comum a ser realizado”.
Muitas outras são
as estruturas da Igreja que se ocupam deste serviço. Como por exemplo, “as realidades
educativas e escolares operantes no Oriente Médio”, abertas também a não-católicos,
que “encarnam e apóiam um diálogo islâmico-cristão na preparação cultural e na vida
cotidiana”.
Nisto – afirmou o Cardeal Sandri -, “ressoa a ‘Amman Message’,
quando se refere à educação dos jovens nestes termos: ‘Os jovens são o ornamento do
nosso presente e promessa do nosso futuro. Os sábios protegem os jovens do perigo
de desviarem para o caminho da ignorância, da corrupção, da mentalidade fechada e
da subordinação”. “O testemunho de um trabalho educativo constante, competente e generoso
não dá asas à esperança dos habitantes do Oriente e do mundo inteiro?”, perguntou
o Prefeito da Congregação para as Igrejas Orientais.
“A minha gratidão – prosseguiu
– crescerá ainda mais se tais exemplos virtuosos forem divulgados para assegurar que
a pacífica e construtiva convivência é possível. Pedem isto as crianças e os jovens
judeus, cristãos e muçulmanos que na Terra Santa vão à escola juntos, pensando em
um futuro luminoso que nós não temos o direito de negar”.
“São estes – concluiu
– os caminhos da paz que o Senhor já abriu, para que o mundo possa sempre se beneficiar
da contribuição do Oriente na edificação da casa comum da humanidade”. (JE)