Escutar a Palavra de Jesus e transmiti-la aos irmaos confortando-os: ao Angelus, Papa
sugere trazer sempre no bolso um Evangelho, para ler cada dia uma passagem
Escutar Jesus
que nos fala e comunicar aos outros a sua palavra que nos conforta e ilumina: esta
a interpelação deixada pelo Papa Francisco, neste domingo ao meio-dia, aos milhares
de romanos e peregrinos ali congregados para a tradicional recitação das Ave-Marias.
Comentando o evangelho do dia – a Transfiguração de Jesus, o Santo Padre sublinhou
dois elementos ligados a este episódio evangélico: a subida e a descida. Temos que
subir ao monte para estarmos a sós com Jesus, mas depois temos de descer ao vale para
encontrar os irmãos em dificuldade e transmitir-lhes o conforto de Deus.
O
Papa começou por recordar que “a montanha representa o lugar da proximidade com Deus
e do encontro íntimo com Ele, o lugar da oração, para estar na presença do Senhor”.
Jesus mostra-se transfigurado, luminoso, e comparecem ao seu lado Moisés e Elias.
E é então que “ressoa do alto a voz do Pai, que proclama Jesus seu Filho predilecto,
dizendo ‘Escutai-o’.”
“É muito importante este convite do Pai. Nós, discípulos
de Jesus, somos chamados a ser pessoas que escutam a sua voz e tomam a sério as suas
palavras. Para tal, há que seguir Jesus como faziam as multidões do Evangelho…”
“Jesus
– observou o Papa – não tinha uma cátedra ou um púlpito fixos, era um mestre itinerante,
que propunha os seus ensinamentos ao longo dos caminhos, percorrendo trajetos nem
sempre previsíveis e por vezes árduos”.
O Santo Padre perguntou a cada uma
das pessoas (uma multidão) presentes na praça de São Pedro se costumam ler todos os
dias o Evangelho, sugerindo o costume de trazer consigo, no bolso, uma pequena edição
dos Evangelhos, lendo de vez em quando alguma passagem.
Retomando o episódio
da Transfiguração, o Papa sublinhou “dois elementos significativos”, que sintetizou
em duas palavras: “subida e descida”.
“Temos necessidade de ir para um lugar
à parte, de subir à montanha a um espaço de silêncio, para nos reencontrarmos a nós
próprios e captar melhor a voz do Senhor. Mas não podemos permanecer ali! O encontro
com Deus na oração impulsiona-nos novamente a ‘descer da montanha’ regressando à planície,
onde encontramos tantos irmãos afligidos por dificuldades, injustiças, pobreza material
e espiritual.”
A estes irmãos em dificuldade, somos chamados a levar os frutos
da experiência feita com Deus, partilhando os tesouros de graça recebidos.
“Mas
se não estivemos com Deus, se o nosso coração não está consolado, como poderemos consolar?”
Esta
missão – sublinhou o Papa – diz respeito a toda a Igreja, mas é responsabilidade antes
de mais dos Pastores – bispos e padres – chamados a mergulhar no meio das necessidades
do Povo de Deus, aproximando-se com afeto e ternura especialmente aos mais débeis
e pequenos, aos últimos. Mas para realizarem com alegria e disponibilidade esta ação
pastoral, os Bispos e padres têm necessidade da oração de toda a comunidade cristã”.
E
o Papa concluiu dirigindo o olhar a Maria, nossa Mãe, convidando a confiar na sua
guia para continuar com fé e generosidade o itinerário da Quaresma, aprendendo mais
e mais a “subir” com a oração e a “descer” com a caridade fraterna.
Nas saudações
aos variadíssimos grupos de peregrinos presentes na Praça, o Papa mencionou também
a Comunidade Papa João XXIII, fundada pelo padre Oreste Benzi, que na próxima sexta-feira
organiza pelas ruas do centro de Roma uma “Via Sacra” especial, pelas mulheres vítimas
do tráfico.
O Santo Padre recordou ainda os passageiros e tripulantes do avião
da Malásia desaparecido na semana passada, assim como os familiares, deixando uma
palavra de proximidade e afeto para com todos os que mais sofrem por este motivo.