Entrevista com o Papa projetada em 'vila' de Buenos Aires
Buenos Aires (RV) - O Papa Francisco voltou a surpreender ao dar uma entrevista
exclusiva de 30 minutos à FM Bajo Flores, uma pequena rádio comunitária num bairro
pobre da periferia de Buenos Aires.
Em declarações à TSF, o responsável da
emissora confessou que todos ficaram surpreendidos com a resposta do Papa e a rapidez
com que esta foi enviada.
As 12 perguntas foram encaminhadas por e-mail ao
Vaticano e as respostas, além de não terem demorado o tempo que seria de esperar,
chegaram à rádio na forma de um vídeo, com a duração de meia hora, no qual o Papa
responde pessoalmente às questões. A entrevista foi projetada quinta-feira, 13, num
telão colocado numa das paróquias do bairro.
No vídeo, Francisco pede orações:
“Preciso que o povo de Deus me sustente”, diz, e depois se refere à educação, opinando
que os jovens devem ser acompanhados em seu crescimento. Questionado sobre o que pensa
a respeito da ação dos padres nas ‘vilas’, Francisco respondeu que “seu trabalho não
é ideológico, é apostólico”. Para o Papa, “as rádios comunitárias são uma forma ‘cálida
e desinteressada’ de comunicar a realidade e a vida”.
Antes da projeção, foi
celebrada uma missa, presidida pelo pároco Gustavo Carrara. O altar era uma escrivaninha
da escola, e sobre a mesa, havia apenas duas velas, uma foto do Papa, um cálice e
uma âmbula e um missal.
Aniversário
O clima de festa pelo aniversário
ficou visível em toda a cidade. Cartazes espalhados por todo lado trazem a foto do
Papa e os dizeres "Um ano compartilhando esperanças".
Papa Francisco também
virou nome de um bairro na região pobre de Villa 20, um assentamento que ele visitava
com frequência quando fazia seu trabalho pastoral como arcebispo da capital argentina
e onde agora a população reivindica moradia digna.
"Escolhemos o nome do bairro
entre todos os moradores. Nos identificados muito com o Papa, já que ele conhece bem
as necessidades das pessoas que vivem na pobreza", afirmou à Agência EFE um dos integrantes
das quase mil famílias que vivem na área.
O grupo pediu ao Padre Franco Punturo,
sacerdote com forte atuação dentro das favelas da metrópole, para celebrar uma missa
no local e batizá-lo com o nome de Francisco. “Acompanhamos essas famílias com as
cruzes que elas carregam todos os dias, pelo fato de viverem em uma situação de tanta
precariedade, de tanta marginalidade”, declarou o sacerdote.
As jovens famílias,
a maioria com pelo menos dois filhos, são compostas de argentinos, bolivianos e paraguaios,
principalmente.
Aguardando que a Justiça dite ordem de despejo, os moradores
do bairro Papa Francisco enviarão uma carta ao Pontífice. “A nossa luta é a mesma
de todos os outros bairros pobres, a luta pela urbanização, que carecem de uma moradia
digna para o povo”, disse o morador. (CM-agências)