Presidente da CNBB faz entronização, na Eslovênia, de imagem de Nossa Senhora Aparecida
Liubliana (RV) - O Arcebispo de Aparecida e presidente da Conferência Nacional
dos Bispos do Brasil (CNBB), Cardeal Raymundo Damasceno Assis, faz na tarde deste
domingo, no Mosteiro de Stično, localizado nas proximidades de Liubliana, capital
eslovena, a entronização de uma réplica da imagem de Nossa Senhora Aparecida.
O
envio da imagem deu-se a pedido do Embaixador do Brasil na Eslovênia, Gilberto Fonseca
Guimarães de Moura, após este receber a visita de um grupo de eslovenos que participou
da Jornada Mundial da Juventude Rio2013.
Em sua carta mensal ao país, o diplomata
afirmou que os jovens eslovenos voltaram “encantados” com o Brasil.
A seguir,
propomos a íntegra da homilia de Dom Raymundo na Missa de entronização da imagem de
nossa padroira:
Liubliana, domingo, 2 de março de 2014
Exmo. Sr. Núncio
Apostólico, Mons. Juliusz Janusz; Exmo. Presidente da Conferência Episcopal da
Eslovênia, Bispo de Novo Mesto e Administrador Apostólico da Arquidiocese de Liubliana,
Mons. Andrej Glavan; Revmo. Abade do Monastério de Stična, Pe. Janez Novak; Revmo.
Secretário-Geral da Conferência Episcopal da Eslovênia, Pe. Tadej Strehovec; Exmo.
Embaixador do Brasil, Sr. Gilberto Fonseca Guimarães de Moura; Revmo. Padre Maksimilijan,
coordenador da recepção da Celebração da recepção da Imagem de Nossa Senhora da Conceição
Aparecida no Monastério de Stično; Exma. Embaixadora da Espanha junto à Eslovênia,
Sra. Anunciada Fernández de Córdova Alonso-Viguera; Exma. Embaixadora da Itália
junto à Eslovênia, Rossella Franchini-Sherifis e seu esposo, Embaixador Michael E.
Sherifis; Exmo. Secretário de Estado dos Ministros dos Negócios Estrangeiros da
Eslovênia, Embaixador Igor Senčar e Exma. esposa; Exma. Sra. Madalena Leal de
Faria, cantora lírica,coordenadora dos Cantos da Missa da Entronização; Ilustres
integrantes da Missão Diplomática do Brasil junto à Eslovênia
“Regozijar-me-ei
muito no Senhor, a minha alma se alegrará no meu Deus” (Is 61,10). Ouvimos estas palavras
na primeira leitura da Santa Missa de hoje. Com elas se inicia o cântico da Bem-aventurada
Virgem Maria, o Magnificat, que a Igreja repete todos os dias na celebração das Vésperas.
Com estas mesmas palavras quero começar esta homilia, pois elas representam verdadeiramente
nossos sentimentos neste momento. É grande a alegria que sinto de poder vir acompanhando
a Venerada Imagem da amada Rainha e Padroeira do Brasil, Nossa Senhora da Conceição
Aparecida.
O Santo Evangelho, hoje, nos apresentou o encontro entre a Virgem
Maria e sua prima Santa Isabel. Precisamente esta palavra – encontro – é a que define
o milagre ocorrido no Brasil há quase 300 anos, na segunda quinzena de outubro de
1717. Acabamos de assistir a encenação desse encontro, feita tão belamente que nos
emocionou.
O Santo Padre, Papa Francisco, antes do início da Jornada Mundial
da Juventude, dia 24 de julho de 2013, quis ir ao Santuário Nacional de Nossa Senhora
Aparecida, como Romeiro, palavra usada no Brasil que significa Peregrino. Com isso,
Sua Santidade quis confiar a Nossa Senhora a Jornada que teria início no dia seguinte,
bem como, a Igreja no Brasil e todo o povo Brasileiro. Naquela ocasião, ele nos convidou
a conservar a esperança, a deixar-nos surpreender por Deus e a viver na alegria. Deste
modo ele, em três pontos, sintetizou a verdadeira e atual espiritualidade mariana.
Três dias depois, no encontro com os Bispos do Brasil presentes à Jornada, ele voltou-se,
uma vez mais, a Nossa Senhora Aparecida, e, partindo dos fatos históricos, fez, ao
modo dos Santos Padres, uma interpretação espiritual de seu significado e do compromisso
que eles encerram. Eu me permito aqui retomar alguns pontos destacados pelo Santo
Padre.
Ele recordou que no início do milagre está a experiência da fraqueza
e até da falência. Não era tempo de pesca, os pescadores eram pobres, seus barcos
e suas redes eram muito frágeis e simples. Mas eles perseveraram na esperança, e Deus
revelou sua presença de um modo inesperado: fez refletir sua beleza em uma imagem
da Virgem Maria, também muito simples tanto a imagem quanto a Virgem. E, além disso,
a imagem estava já escurecida pelas águas do rio e pelo tempo. “Deus entra sempre
nas vestes da pequenez”, conclui disso o Santo Padre. E, disso, ele tira algumas conclusões:
-
a imagem foi encontrada aos poucos, primeiro o corpo, depois a cabeça em dois lances
de rede: Deus dá uma mensagem de recomposição, de unidade, que precisa da nossa paciência; -
os pescadores levaram para casa o “mistério”: o povo simples e piedoso sempre tem
espaço para o mistério; - os devotos cobrem a imagem com um manto: é Deus que nos
cobre com sua proteção, mas, antes, Ele se faz mendigo do nosso acolhimento; -
os pescadores convidaram os vizinhos para partilharem com eles a contemplação do mistério,
em oração: a experiência de Deus – a fé – quando é autêntica, traz consigo a necessidade
de ser partilhada.
Disso, o Santo Padre concluía que a Igreja não pode “desaprender”
a lição de Aparecida: a fragilidade é o meio escolhido por Deus para realizar sua
obra; a Igreja deve sempre lembrar que não pode se afastar da simplicidade.
Queridos
irmãos e irmãs, nós nos encontramos aqui, diante de uma imagem simples, pequena e
negra. Mas nessa imagem veneramos algo muito maior: o amor misericordioso de Deus,
que, por meio daquela que foi chamada “bendita porque acreditou” (Lc 1,45), nos concedeu,
como “fruto de seu ventre” (v. 42), a visita de Nosso Senhor (v. 43), como reconheceu,
extasiada e agradecida, Santa Isabel. E por reconhecermos a visita do próprio Deus
Salvador, podemos, agradecidos, exclamar com Santa Isabel: “como posso merecer que
a mãe do meu Senhor venha me visitar?” (v. 43). E, humildemente, podemos também nos
associar à jubilosa exclamação da Virgem Mãe de Deus: “A minha alma engrandece o Senhor,
e meu espírito exulta em Deus, meu Salvador” (v. 47).
Agradeço à Igreja na
Eslovênia, na pessoa do Presidente de sua Conferência Episcopal, Mons. Andrej Glavan;
ao Sr. Núncio Apostólico Mons. Juliusz Janusz, à Abadia de Stično, na pessoa do Revmo.
Abade, Pe. Janez Novak por acolher nesta Basílica de Nossa Senhora das Dores a venerada
imagem, e ao Sr. Embaixador Gilberto Fonseca Guimarães de Moura a inciativa e o apoio
concedido.
Possam o povo Esloveno e a Igreja na Eslovênia serem associados
ao patronato e à real proteção de Nossa Senhora da Conceição Aparecida.
Muito
obrigado.
Dom Raymundo Cardeal Damasceno Assis Arcebispo de Aparecida, SP,
Brasil