Novo cardeal das Filipinas pede à Igreja para se voltar aos pobres
Cidade do Vaticano (RV) - “A origem da Igreja é a pobreza”, afirmou o Cardeal
filipino Orlando Quevedo. “E o trajeto de Jesus Cristo foi um trajeto junto aos pobres.
Hoje, a Igreja tem riquezas, instituições”, continuou o religioso. “Mas eu gostaria
de pensar que a única maneira que a Igreja poderia redimir estes recursos, bem como
suas instituições, seria alocá-los no serviço da justiça e dos empobrecidos por amor
ao reino de Deus.
Dom Quevedo, que administra a Arquidiocese de Cotabato, nas
Filipinas, foi feito cardeal junto de outros 18 prelados em uma cerimônia presidida
pelo Papa Francisco sábado, 22.
Em entrevista coletiva no Pontifício Colégio
Filipino, em Roma, falou de uma visão asiática de Igreja construída sobre as comunidades
eclesiais de base com um estilo colaborativo de liderança. Esta visão de Igreja é
importante para a visão do Papa Francisco, “que está olhando para a periferia, em
vez de olhar para o centro”, afirmou.
A Arquidiocese de Cotabato, localizada
no sul da ilha filipina de Mindanao, é conhecida pela luta contra os altos índices
de pobreza e pela proporção quase igual de católicos e muçulmanos (48 e 47% respectivamente).
Fazendo
notar que mais de 50% das pessoas de sua arquidiocese vivem sob a linha da pobreza,
Quevedo disse que a ideia de a Igreja se tornar uma “Igreja para os pobres” não é
“alheia ao início e ao núcleo daquilo que a Igreja deve ser”. “A Igreja é uma comunidade
de seguidores de Cristo”, afirmou. “E Cristo foi o Cristo pobre, o Cristo que anunciou
o reino às pessoas pobres, que escolheu os pobres para serem seus discípulos”.
“Creio
que a Igreja deveria ser assim”, disse ele. “Isso é fácil? [Não, é] difícil. Tem que
haver uma mudança radical na mentalidade dos leigos, do clero, dos religiosos e religiosas,
dos bispos: uma mudança radical de mentalidade e uma mudança radical no uso das instituições.
Precisamos, porém, dar o primeiro passo. “Não estamos falando de uma mudança de
doutrina”, acrescentou. “Trata-se de uma mudança de ponto de vista, uma mudança do
lado no qual a Igreja está. Deve estar ao lado dos ricos e poderosos, ou junto dos
empobrecidos e dos mais fracos?”
A respeito do papel de cardeal, Dom Quevedo
lembrou que “não se trata de honra, nem privilégio tampouco poder”. Em vez disso,
afirmou, a expectativa para um cardeal é a de um “grande serviço às pessoas, de um
serviço maior”. (CM-National Catholic Repórter)