Audiência geral: "Doença e morte não podem nos separar de Cristo"
Cidade do Vaticano
(RV) – A Unção dos Enfermos foi o tema da reflexão do Papa Francisco na audiência
geral desta quarta-feira, na Praça São Pedro. Segundo a Prefeitura da Casa Pontifícia,
cerca de 30 mil pessoas receberam bilhetes de ingresso para o encontro.
Jorge
Mario Bergoglio completou a já tradicional volta da Praça com seu jipe aberto, parando
diversas vezes para cumprimentar turistas e peregrinos. Muitas crianças estavam fantasiadas.
Havia guardas suíços, palhaços, abelhas e joaninhas, e no meio deles, um menino de
cerca de 4 anos, vestido de Papa, a quem Francisco sorriu e deu um beijo.
Depois
de meia hora de contato com os fiéis, o Papa iniciou sua catequese. O Sacramento da
Unção dos Enfermos era conhecido antigamente como “Extrema Unção”, pois se dizia que
oferecia um conforto espiritual na iminência da morte. Hoje, o nome “Unção dos Enfermos”
nos ajuda a estender o alcance à experiência da doença e do sofrimento, no horizonte
da misericórdia de Deus.
Para explicar a profundidade do mistério da Unção,
Francisco citou a parábola do Bom Samaritano, como está descrita no Evangelho de Lucas.
O Bom Samaritano cuida de um homem ferido derramando sobre as suas feridas óleo e
vinho.
“É o óleo abençoado pelos Bispos a cada ano, na missa do Crisma
de Quinta-feira Santa, utilizado na Unção dos enfermos. O vinho, por sua vez, é o
sinal do amor e da graça de Cristo, que se expressam em toda sua riqueza na vida sacramental
da Igreja”.
A parábola prossegue narrando que o Bom Samaritano, sem olhar
a gastos, confia o homem ferido aos cuidados do dono de uma pensão: este representa
a Igreja, a quem Jesus confia os atribulados no corpo ou no espírito.
“É à
Igreja, à comunidade cristã, somos nós, a quem cotidianamente o Senhor confia os aflitos
no corpo e no espírito para que possamos continuar a lhes doar, sem medida, toda a
sua misericórdia e salvação”.
Continuando a catequese, Francisco lembrou que
também a Carta de São Tiago recomenda que os doentes chamem os presbíteros, para que
rezem por eles ungindo-os com o óleo. “É uma praxe que já se usava no tempo dos Apóstolos”,
completou o Papa.
De fato, Jesus ensinou aos seus discípulos a mesma predileção
que Ele tinha pelos doentes e atribulados, difundindo alívio e paz, e lhes transmitiu
a capacidade e o dever de continuar a dispor da graça especial deste Sacramento. “No
entanto, isto não nos deve levar a uma busca obsessiva do milagre ou à presunção de
poder obter sempre a cura”, ressalvou Francisco.
“O problema, disse o
Papa, é que este Sacramento é pedido cada vez menos, e a razão principal reside no
fato que muitas famílias cristãs, devido à cultura e à sensibilidade atuais, consideram
o sofrimento e a morte como um tabu, como algo a esconder ou sobre o qual falar o
menos possível. É verdade que o sofrimento, o mal e a própria morte continuam sendo
um mistério, e diante dele, nos faltam palavras. É o que acontece no rito da Unção,
quando de modo sóbrio e respeitoso, o sacerdote impõe as mãos sobre o corpo do doente,
sem dizer nada”.
“Existe uma certa convicção de que chamar o sacerdote
dá azar, que é melhor não chamá-lo para não assustar o doente”, disse o Papa, improvisando.
“Há a idéia que depois do sacerdote, vem a agência funerária...”.
Por
isso, diante daqueles que consideram o sofrimento e a morte como um tabu, deixando
de se beneficiar com esse Sacramento, é preciso lembrar que “no momento da dor
e da doença, devemos saber que não estamos sozinhos. O sacerdote e aqueles que estão
presentes representam toda a comunidade cristã, que ao redor do enfermo, alimentam
nele e em sua família a fé e a esperança, amparando-os com a oração e o calor fraterno”.
O
maior conforto, finalizou o Papa, é que na Unção dos enfermos, Jesus nos mostra que
pertencemos a Ele e que nem a doença, nem a morte poderão nos separar Dele. (CM)