Aids: vacina social e papel das organizações católicas para o fim da discriminação
Cidade
do Vaticano (RV) - A “vacina social” é a única disponível contra a Aids, afirma
o diretor-executivo da agência das Nações Unidas para a Aids (Unaids), o brasileiro
Luiz Loures, quando questionado sobre a notícia do avanço nas pesquisas de uma vacina
contra o hiv em estudos na Universidade de São Paulo (Usp), publicada na semana passada.
“A busca por uma vacina segue sendo a frente mais desafiadora, mas qualquer passo
(neste sentido n.d.r) é importante”.
Loures está em Roma para uma conferência
promovida pela Cáritas Internationalis sobre a Aids que debate os avanços dos tratamentos
antiretrovirais. “Esta é a área onde mais se progrediu em relação à resposta à epidemia
de Aids: não somente as drogas são muito melhores, apresentam menos efeitos colaterais,
são mais eficazes, como hoje sabemos que o tratamento pode fazer uma contribuição
fundamental à prevenção, ou seja, quem trata não transmite o vírus da Aids”, afirmou
Loures em entrevista nos estúdios da Rádio Vaticano nesta quarta-feira (26/02).
Contudo,
o tratamento somente não resolve, pondera o diretor-executivo da Unaids: “a ‘vacina
social’ é uma combinação de tratamento e medidas de prevenção que tratam de todos
os aspectos (da transmissão n.d.r), e não menos fundamental é o combate à discriminação:
quem é discriminado não procura serviço de prevenção ou tratamento”, afirma.
A
Cáritas Internationalis reiterou o papel das instituições católicas na superação da
discriminação, não somente no Brasil, como também na África onde o acesso aos antiretrovirais
ainda é escasso. A Onu considera essencial a presença da Igreja Católica para atuar
na redução da lacuna entre os que têm acesso aos tratamentos e aqueles que não têm.
“O papel fundamental, hoje mais do que nunca, na história da Aids, das organizações
católicas que trazem sua experiência combinando acesso às drogas, à prevenção, aos
serviços, com a preocupação central em relação à dignidade das pessoas infectadas
ou vulneráveis. Essa me parece ser a combinação chave para que nós avancemos para
o fim desta epidemia”, concluiu Luiz Loures. (RB)