Porto Alegre (RV) - A obra da educação é nobre e distinta, necessária e desafiadora,
sempre urgente e complexa. Educar requer determinação e clareza, disposição e compreensão,
necessidade de sair de si e ir ao encontro do educando com suas potencialidades e
fragilidades.
Na atenção à obra da educação está sempre presente – ou deveria
estar – a necessidade de compreender aspectos fundamentais do próprio processo educacional
de nossos adolescentes e jovens, tais como desenvolvimento, maturidade, maioridade,
liberdade, agressividade, autoridade, direcionamento, obediência, capacitação, formação,
educação, aprendizagem, ensino, normatividade, identidade, comunicação, costume, postura,
motivação, convívio social, valores, ética, arte, beleza, criatividade, limites.
Sabemos
que a pessoa é dom e tarefa. É dom porque identidade característica é única! É tarefa
porque precisa ser construída e construir-se, precisa aprender o que é com suas potencialidades,
e se deixar formar. Trata-se de um trabalho decidido e dedicado, empenhado e empenhativo,
que envolve cada pessoa e toda a sociedade.
A educação não se limita à assimilação,
adaptação, associação. Não se pode cair na simplificação dos processos, passando ao
largo de possibilidades essenciais de aprendizagem. Existem funções elementares da
vida que precisam ser trazidas para dentro de uma totalidade existencial esclarecida
que, por vezes, são tidas como evidentes, mas que, na verdade, não o são.
A
criatividade, por exemplo, expressa o que o ser humano tem de mais original. Trata-se
de uma característica vigorosa dos adolescentes e jovens, e que precisa ser promovida
e orientada a partir de sua originalidade transparente, sem transcurar a tarefa de
preparar o humano para decisões originais, e instaurar nele uma liberdade derradeira
frente ao próprio processo educativo. Ao lado da criatividade, encontramos a força
investigativa como atividade marcadamente jovem e que é aspecto integrante do trabalho
educacional.
Há também o cuidado com a dimensão do incomparável, que não pode
ser mostrado e transmitido em um processo educacional, embora sobreviva em muitos
objetos pertencentes à educação: na história, na arte, na vida política e religiosa.
Neste âmbito, o trabalho está mais ocupado em desobstruir o ver, o compreender ou
o poder, do que propriamente sugerir algo para o ver, o compreender e o poder.
Os
aspectos acima salientados requerem muito mais que investigação: exigem estudo. E
estudo não pode ser identificado sem mais com o fenômeno da educação. O estudo perpassa
a obra de educar. Poderíamos, talvez, dizer que o estudo alcança de tal modo os fatos,
que daí surgem alternativas para os caminhos em que se pode conquistar horizontes
necessários para a apreensão da coisa, para melhorar o processo educacional.
Por
que de todas estas considerações? Para talvez vislumbrar uma distinção que precisamos
sempre e de forma nova compreender: a educação não pode ser confundida com uma espécie
de ‘adestramento’ ou informação. Até porque informação nunca foi sinônimo de formação!
Não
basta, por exemplo, ser informado sobre posturas sociais como diligência e honestidade,
sinceridade e confiabilidade, camaradagem, solidariedade, dignidade, honra, respeito
humano, direitos humanos. A questão nesse contexto é saber, isto é, educar para o
“aprendizado” que tais posturas necessitam. Assim, talvez, estaríamos despertados
para aspectos da obra da educação que precisam de abordagem honesta e franca; expressão
de uma opção preferencial da sociedade em favor dos adolescentes e jovens – patrimônio
maior de um povo, de uma nação!