Porto Alegre (RV) - Diante da multiplicidade das normas humanas, que deixam
as pessoas perdidas num emaranhado de orientações contrastantes, Jesus propôs um único
mandamento: “Que vos ameis uns aos outros como eu vos amei”. Dito assim pode parecer
impossível, visto que o amor de Deus é incomparável. Para superar esta dificuldade
Jesus enviou o Espírito Santo, como o amor de Deus derramado em nossos corações. Trata-se
de um amor que transcende nossas forças e supera os cálculos humanos. Um amor gratuito,
de fazer o bem sem esperar recompensa. Só por amor.
Mas é preciso concretizar
este amor para nossa realidade humana, sempre muito complexa. As pessoas a serem amadas
não são perfeitas. Afinal, ninguém neste mundo chegou à perfeição. Por isso, não só
se deve testar a autenticidade do amor, como também tentar aperfeiçoá-lo e questioná-lo
diariamente. Seria mais fácil amar as pessoas de bem ou pessoas que realmente mereçam
ser amadas. Mas Jesus estendeu o amor cristão a todos, bons e maus.
Por isso,
para que o amor se estabeleça entre os homens foi necessário criar três virtudes indispensáveis:
a justiça, pela qual se garante a cada um o que é seu, tanto em valores espirituais
como materiais, físicos e de relacionamento; a misericórdia, para ir ao encontro das
carências físicas, morais e espirituais dos outros; e a fidelidade como garantia de
continuidade e constância dos compromissos assumidos, elevando o amor até à plenitude
da eternidade de Deus.
Dom Dadeus Grings Arcebispo Emérito de
Porto Alegre