Judeus, cristãos e muçulmanos argentinos levam o "mate da paz" à Terra Santa. Encontro
com Francisco concluirá viagem
Ramallah (RV) – Uma delegação integrada por mais de 40 pessoas, representando
judeus, cristãos e muçulmanos argentinos, realiza uma viagem pela Terra Santa, para
levar seu modelo de respeito e convivência pacífica. O grupo, formado por 15 judeus,
15 muçulmanos e 15 cristãos, deverá percorrer Israel, Palestina e Jordânia, concluindo
sua missão no dia 27, em Roma, quando serão recebidos pelo Papa Francisco.
“Ao
invés de importar o conflito do Oriente Médio, queremos exportar a idéia de que cristãos,
muçulmanos e judeus podem viver juntos”, declarou o Diretor Executivo do Congresso
Judaico Latino-americano e incentivador da iniciativa, Claudio Epelman. O líder judeu
sublinhou que o Pontífice argentino desempenhou “um papel muito significativo como
Arcebispo de Buenos Aires” na criação e promoção do diálogo entre as religiões. “Ele
impulsionou diversas iniciativas na Argentina, é um referencial obrigatório”, observou
Epelman, manifestando orgulho de que o Papa Bergoglio viajará à Terra Santa com o
passaporte argentino.
Na viagem ao Oriente Médio, o grupo terá a oportunidade
de reunir-se com o Presidente de Israel, Shimon Peres, e na Jordânia com um membro
da dinastia Hachemí, já que o Rei Abdullah II não poderá recebê-los. Estão também
previstos ainda encontros com ONGs e a sociedade civil palestina e israelense.
No
roteiro, também estão previstas visitas a lugares como o Museu do Holocausto, a Mesquita
de Al Acqsa, a Via Sacra, o Santo Sepulcro e o Muro das Lamentações.
O primeiro
encontro de alto nível teve lugar nesta quinta-feira, em Ramallah, onde o Primeiro-Ministro
palestino Rami Hamdala, deu as boas vindas ao grupo com uma mensagem de esperança:
“A Palestina é uma terra das três religiões, cristianismo, judaísmo e islamismo. E
para mim, a religião é a tolerância”. Após, falou do compromisso da liderança palestina
com a paz: “Não existe outra solução (que não chegar a um acordo com Israel), pois
este é o nosso destino. Somos vizinhos, temos que viver juntos, um ao lado do outro,
em paz e harmonia”. Após o encontro e a entrega de “um mate da paz” para recordar
a visita, o grupo seguiu para Jerusalém.
O Padre Guillermo Marcó - da Arquidiocese
de Buenos Aires e durante oito anos Porta-voz e Diretor de Comunicação no período
do então Cardeal Jorge Begoglio -, revelou que o Pontífice foi informado dos preparativos
da viagem. “Vamos visitar juntos nossos lugares sagrados e terminaremos com uma visita
ao Papa Francisco, contando o que vimos, manifestando nossas orações e desejando que
ele possa ser um protagonista importante da paz mundial”.
Junto ao Rabino Sergio
Bergman, de Buenos Aires, o sacerdote mostrou sua confiança de que a mensagem de coexistência
do grupo permita que “as três religiões abraâmicas celebrem finalmente um acordo de
paz”.
O co-fundador e Presidente do Instituto de Diálogo Inter-religioso da
Argentina, Omar Ahmed Abboud, declarou que como árabe-muçulmano “não somente é uma
emoção pisar na terra palestina, mas também uma oportunidade para mostrar uma realidade
que existe em outra parte do mundo, onde o diálogo inter-religioso já é uma construção”.
A
comunidade árabe na Argentina é formada principalmente por sírios e libaneses, totalizando
3,5 milhões de pessoas, dos quais 700 mil são muçulmanos e o restante cristãos. A
comunidade judaica, por sua vez, é uma das mais numerosas no mundo (fora de Israel),
com cerca 200 mil pessoas. (JE)