Arcebispo Chullikatt: cresce perseguição religiosa no mundo, inclusive no Ocidente
Washington (RV) - As ameaças à liberdade religiosa se manifestam não somente
sob regimes autoritários, mas também nas grandes democracias do mundo. Foi o que evidenciou
o observador permanente da Santa Sé na ONU, em Nova Iorque, Dom Francis Chullikatt,
convidado a participar, terça-feira passada, dia 11 do corrente, de um debate público
no Capitólio, em Washington, sobre a liberdade religiosa.
A liberdade religiosa,
que compreende também o direito de manifestar em público as próprias convicções, é
para a Santa Sé um direito fundamental do qual promanam os outros direitos. E deve
ser protegido.
Hoje, porém, observa o núncio apostólico, a perseguição religiosa,
mais ou menos evidente, "está emergindo com frequência crescente no mundo inteiro",
mesmo nas democracias ocidentais, incluindo a proibição legal a expor símbolos e imagens
cristãs, e isso evidencia uma profunda crise no coração dessas grandes democracias
que devem a origem e cultura dos direitos humanos a seu encontro com o cristianismo.
Em
seguida, o representante vaticano se detém sobre as violações à liberdade religiosa
no Oriente Médio, em particular para os cristãos.
Nenhum cristão está isento,
diz, recordando que os cristãos árabes são uma pequena, mas significativa comunidade,
e são alvo de abusos por nenhuma razão senão a sua fé. Trata-se de uma tragédia ainda
maior se se considera que estas pessoas são plenamente cidadãs e que durante inúmeras
gerações viveram em paz com seus vizinhos.
Dom Chullikatt refere-se, por exemplo,
aos ataques na vigília de Natal aos edifícios de culto católicos e de outras confissões
cristãs, que se verificam há vinte anos. E é evidente que os governos não estão assegurando
a liberdade religiosa de modo consistente e, no pior dos casos, as violações assumem
forma de uma perseguição por parte de atores estatais.
É também citado o número
de 100 mil cristãos anualmente assassinados por causas relacionadas à fé. Muitos atos
de violência são perpetrados no Oriente Médio, África e Ásia, recorda Dom Chullikatt,
mas em alguns países ocidentais emerge uma tendência a marginalizar o cristianismo
da vida pública.
Em seu discurso, o núncio apostólico cita quanto afirmado
pelos Papas Francisco e Bento XVI sobre as perseguições contra os cristãos. Em seguida,
faz-se também uma referência à objeção de consciência, que deve ser assegurada pela
lei.
"A perseguição aos cristãos no Oriente Médio se dá neste teatro de sofrimento"
e "a Assembléia Geral da ONU abordou a questão em algumas resoluções, que ajudamos
a negociar ressalta o prelado indiano.
Mas esses esforços não conseguem receber
o perfil que merecem no cenário mundial e os "Estados membros, especialmente o que
têm perfil de liderança, como os EUA, podem tomar medidas decisivas" para assegurar
que o direito à liberdade religiosa seja mais protegido no mundo. (RL)