2014-02-11 16:44:30

Teólogo Dom Bruno Forte: a renúncia de Bento XVI foi um ato de profunda honestidade


Cidade do Vaticano (RV) - A renúncia, como todo o Pontificado de Bento XVI, foi inspirada pelo Concílio Vaticano II. Essa é a convicção do Arcebispo de Chieti-Vasto, o teólogo Dom Bruno Forte, que, numa entrevista concedida à Rádio Vaticano, se detém sobre a decisão do Papa Ratzinger e sobre os desdobramentos da renúncia um ano depois:

Dom Bruno Forte:- "A meu ver, é a expressão coerente do estilo que o Papa Bento teve durante todo o seu Pontificado: um estilo inspirado na intenção única de agradar a Deus. Em seu modo de ser, o Papa Bento jamais buscou o consenso fácil das multidões. Ele foi um homem que quis portar avante a reforma espiritual da Igreja e, portanto, a única exigência fundamental – para ele – era que o seu modo de ser Sucessor de Pedro, Bispo de Roma, Pastor universal da Igreja, e o modo de ser da Igreja inteira fossem tais que agradassem a Deus. Creio que essa seja a grande chave de compreensão de tudo aquilo que o Papa Bento foi. E nesse sentido, também a sua renúncia foi um ato de obediência ao fato de ele sentir-lhe faltarem as forças. Foi um ato de profunda honestidade! Creio poder dizer que ele vê no Pontificado do Papa Francisco a confirmação que Deus quis dar à validez desta escolha: uma voz vicejante, nova, que de algum modo é também auxiliada por uma grande energia, inclusive física, que o Papa Bento não teria."

RV: Considerando que a renúncia de Bento XVI deu-se no âmbito do cinquentenário do Vaticano II, houve quem viu em sua surpreendente decisão um singular acolhimento dos ensinamentos conciliares...

Dom Bruno Forte:- "É preciso partir do fato que Bento XVI, Joseph Ratzinger, foi um protagonista do Concílio. O Concílio faz parte de seu DNA. Quem pensou que, de algum modo, o Pontificado de Bento XVI fosse um distanciar-se do Vaticano II, no fundo, contradiz aquela que é a profunda identidade do pastor, do teólogo e depois do Papa Joseph Ratzinger. Portanto, o ponto forte a ser ressaltado é que o Vaticano II continuamente inspirou o Pontificado do Papa Bento e ele mesmo o disse reiteradas vezes, colhendo a herança também de seus predecessores. Naturalmente, na visão do Concílio Vaticano II é bem claro o que chamo de mística do serviço: João Paulo II foi aquele que, com a sua energia física e espiritual, mexeu com continentes inteiros; depois veio a estação da doença, chegando ao ponto extremo do silêncio, da mudez, quando já não conseguia falar, a não ser com os gestos. Analogamente, com Bento XVI houve a estação de seu grande magistério: ele foi um grande catequizador, em muitos aspectos foi um Padre da Igreja moderna; depois, sentindo faltar as forças, veio o tempo do silêncio, que ele escolheu como melhor caminho, no qual pôde continuar servindo à Igreja na oração." (RL)







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