Pe. Lombardi: documento da Comissão ONU sobre menores é anômalo, apresenta limites
e vai além de suas competências
Cidade do Vaticano
(RV) - As polêmicas não dão sinal de arrefecimento após a publicação, quarta-feira
passada em Genebra, na Suíça, das observações conclusivas da Comissão da ONU para
os Direitos da Infância sobre a Santa Sé. A esse propósito, o diretor da Sala de Imprensa
da Santa Sé, Pe. Federico Lombardi, se pronunciou com uma nota.
Um documento
com graves limites, que não levou adequadamente em consideração os dados fornecidos
pela Santa Sé, e que, ao invés, deu muito mais atenção a Ongs bastante conhecidas,
preconceituosamente contrárias à Igreja Católica e incapazes de reconhecer o que foi
feito.
É bastante dura a crítica de Pe. Lombardi às observações da Comissão
da ONU, que – observa – parecem ter sido escritas antes do encontro com os representantes
vaticanos. Poucas ou nenhuma outra instituição – pontua com veemência o religioso
jesuíta – fez o que a Santa Sé tem feito nestes anos em favor da proteção dos menores.
Ademais,
a Comissão foi além de suas competências, interferindo nas posições doutrinais e morais
da Igreja, dando indicações sobre o aborto, contracepção, educação nas famílias e
com uma visão ideológica da sexualidade.
É também grave a incompreensão sobre
a natureza específica da Santa Sé, que, no entanto, foi detalhadamente explicada nos
20 anos de adesão à Convenção dos direitos da infância. Não é capaz de entender ou
não quer entender? – pergunta-se Pe. Lombardi.
Em seguida, o porta-voz vaticano
define totalmente anômala a atenção reservada pela Comissão à Santa Sé, quando comumente
são escassos os relatórios sobre outros países onde os problemas dos direitos humanos
e da infância são notoriamente graves. Não por acaso – ressalta –, jamais se ouve
falar sobre esses relatórios.
Neste caso, ao invés, a iniciativa da Comissão
da ONU obteve uma atenção midiática injustamente nociva. Não se trata de confronto
entre ONU e Vaticano – precisa Pe. Lombardi.
As Nações Unidas são uma realidade
muito importante para a humanidade de hoje. Todavia, sem querer atribuir à ONU o ocorrido,
é preciso também dizer que na opinião comum as Nações Unidas carregam as conseqüências
negativas de seu feito, para além de suas competências, de uma Comissão que a ela
pertence e que recebeu, de várias partes, tão numerosas críticas graves e fundadas.
A
Santa Sé tomará suas ulteriores posições sem pretender esquivar-se de um diálogo autêntico,
dos procedimentos previstos, com abertura às críticas justificadas, mas o fará com
coragem e decisão, sem timidez.
Portanto – conclui Pe. Lombardi –, procuremos
reencontrar o plano correto do compromisso em favor do bem das crianças. (RL)