Papa Francisco aos consagrados: Sejam abertos à voz de Deus que fala, abre e conduz
Cidade
do Vaticano (RV) - O Papa Francisco presidiu a celebração eucarística na Basílica
de São Pedro, neste domingo, 2 de fevereiro, Festa da Apresentação do Senhor, e 18°
Dia Mundial da Vida Consagrada.
Em sua homilia, o pontífice sublinhou que "a
Festa da Apresentação de Jesus no Templo é chamada também 'a festa do encontro': o
encontro entre Jesus e o seu povo; quando Maria e José levaram o seu filho ao Templo
de Jerusalém, realizou-se o primeiro encontro entre Jesus e o seu povo, representado
pelos dois anciãos, Simeão e Ana".
"Aquele foi também um encontro dentro da
história do povo, um encontro entre os jovens e os idosos: os jovens eram Maria e
José com o seu recém-nascido e os anciãos eram Simeão e Ana, dois personagens que
sempre frequentavam o Templo", frisou o Santo Padre.
O evangelista Lucas, sobre
Nossa Senhora e São José, repete por quatro vezes que eles queriam fazer aquilo que
era prescrito pela Lei do Senhor. "Percebe-se que os pais de Jesus têm a alegria de
observar os preceitos de Deus, a alegria de caminhar na Lei do Senhor! São dois esposos
novos, recém tiveram a criança e estão animados pelo desejo de cumprir aquilo que
está prescrito. Não é um fato exterior, não é para sentir-se com o dever cumprido,
não! É um desejo forte, profundo, cheio de alegria. É aquilo que diz o Salmo: 'Na
observância dos teus ensinamentos eu me alegro... A vossa lei é a minha delícia'".
Sobre
os anciãos, São Lucas diz "que eram guiados pelo Espírito Santo. De Simeão, afirma
que era um homem justo e piedoso, que esperava a consolação de Israel, e que o 'o
Espírito Santo estava n'ele'; disse que 'o Espírito Santo o havia revelado que não
morreria sem antes ver o Cristo, o Messias; e enfim que se dirigiu ao Templo "impelido
pelo Espírito Santo'. De Ana, diz que era uma 'profetiza', isto é, inspirada por Deus;
e que estava sempre no Templo 'servindo a Deus com jejuns e orações'. Estes dois anciãos
são cheios de vida! São cheios de vida porque animados pelo Espírito Santo, dóceis
à sua ação, sensíveis aos seus chamados."
"Eis o encontro entre a Sagrada Família
e estes dois representantes do povo santo de Deus. No centro está Jesus. É Ele que
move tudo, que os atrai ao Templo, casa de seu Pai."
O Papa Francisco destacou
que este "é um encontro entre os jovens cheios de alegria em observar a Lei do Senhor
e os anciãos cheios de alegria pela ação do Espírito Santo. É um singular encontro
entre observância e profecia, onde os jovens são os observantes e os anciãos são os
proféticos! Na realidade, se refletirmos bem, a observância da Lei é animada pelo
mesmo Espírito, e a profecia se cumpre no caminho indicado pela Lei. Quem mais do
que Maria é cheia do Espírito Santo? Quem mais do que ela é dócil à sua ação?"
À
luz desta passagem do Evangelho, o Santo Padre convidou a olhar "para vida consagrada
como a um encontro com Cristo, pois Ele vem até nós, trazido por Maria e José, e nós
vamos em direção a Ele, guiados pelo Espírito Santo. Mas no centro está Ele. Ele move
tudo, Ele nos atrai ao Templo, à Igreja, onde podemos encontrá-lo, reconhecê-lo, acolhê-lo
e abraçá-lo".
"Jesus vem ao nosso encontro na Igreja através do carisma de
fundação de um Instituto: é bonito pensar assim à nossa vocação! O nosso encontro
com Cristo tomou a sua forma na Igreja mediante o carisma de uma testemunha sua. Isto
sempre nos surpreende e nos faz dar graças", disse ainda Francisco.
"Na vida
consagrada também se vive o encontro entre os jovens e os anciãos, entre a observância
e a profecia. Não vemos isto como duas realidades contrapostas! Deixamos que o Espírito
Santo as anime e o sinal disso é a alegria: a alegria de observar, de caminhar numa
regra de vida; e a alegria de ser guiados pelo Espírito, nunca rígidos, nunca fechados,
mas sempre abertos à voz de Deus que fala, que abre e conduz."
O Papa disse
ainda que "faz bem aos anciãos comunicar a sabedoria aos jovens; e faz bem aos jovens
acolher este patrimônio de experiência e de sabedoria e levá-lo adiante, para o bem
das respectivas famílias religiosas e de toda a Igreja".
"Que a graça deste
mistério, o mistério do encontro, nos ilumine e nos conforte em nosso caminho", concluiu
Francisco. (JE/MJ)