Papa aos bispos austríacos: ser Igreja é levar a alegria do Evangelho
Cidade do Vaticano (RV) - Ser Igreja não significa gerenciar, mas sair para
levar aos homens a alegria do Evangelho: é o que afirma o Papa Francisco em seu discurso
aos bispos da Conferência Episcopal da Áustria em visita “ad Limina”, recebidos nesta
quinta-feira, 30, no Vaticano. O texto, que não foi pronunciado mas entregue aos bispos,
foi publicado nesta sexta-feira.
Um “encontro intenso”: assim o Papa Francisco
define seu colóquio com os bispos austríacos. O Pontífice recorda os anos “marcados
por uma simpatia por parte dos austríacos para com a Igreja e o Sucessor de Pedro”,
como se viu na “cordial acolhida” de Bento XVI, por ocasião da sua visita à Áustria,
em 2007. “Seguiu-se depois – observa o Papa - uma fase difícil para a Igreja, da qual
é sintoma, entre outras coisas, a diminuição do número de católicos em relação à população
total, na Áustria, que tem várias causas. Tal evolução - é a exortação do Papa Francisco
- não deve nos encontrar inertes, ao contrário, deve incentivar os nossos esforços
pela nova evangelização, que é sempre necessária”.
Por sua vez - sublinha em
seu discurso o Papa –, “nota-se um aumento da disponibilidade à solidariedade, a Caritas
e outras obras de ajuda recebem generosas doações”. Motivo de agradecimento a Deus
“por tudo que Igreja na Áustria faz para a salvação dos fiéis e para o bem de tantas
pessoas”. “Mas não devemos somente administrar o que conseguimos e que está à disposição
– prossegue o texto -, o campo de Deus deve ser continuamente trabalhado e cultivado
para assegurar que dê frutos também no futuro. Ser Igreja não significa gerenciar,
mas sair, ser missionários, levar aos homens a luz da fé e a alegria do Evangelho.
Não nos esqueçamos de que a dinâmica do nosso compromisso de cristãos no mundo não
é a idéia de uma filantropia, de um vago humanismo, mas um dom de Deus, isto é, o
dom da filiação divina que recebemos no Batismo. E este dom é ao mesmo tempo uma missão.
Os filhos de Deus não se escondam, mas sim levem a alegria de sua filiação divina
ao mundo”.
O Papa indica em seguida na família o “coração da Igreja evangelizadora”.
“Infelizmente, no nosso tempo - é a sua consideração - vemos que a família e o matrimônio
nos países do mundo ocidental sofrem uma profunda crise interna”. “A globalização
e o individualismo pós-moderno favorecem um estilo de vida que torna muito mais difícil
o desenvolvimento e a estabilidade dos vínculos entre as pessoas e não favorece a
promoção de uma cultura da família. Aí se abre um novo campo missionário para a Igreja,
por exemplo, em grupos de famílias onde se cria espaço para as relações interpessoais
e com Deus, onde pode crescer uma comunhão autêntica que acolhe a todos do mesmo modo
e não se fecha em grupos de elite, que cura as feridas, constrói pontes, vai em busca
das pessoas distantes e ajuda “a carregar os fardos uns dos outros” (Gálatas 6,2)”.
“A solicitude da Igreja para com a família – observa ainda - começa com uma boa preparação
e um adequado acompanhamento dos casais, bem como a partir da exposição fiel e clara
do ensinamento da Igreja sobre o matrimônio e a família”.
Falando depois da
paróquia, reafirma que “é sempre o pároco a guiar a comunidade paroquial, contando
ao mesmo tempo com a ajuda e a valiosa contribuição dos vários colaboradores e de
todos os fiéis leigos. Não podemos correr o risco de ofuscar o ministério sacramental
do sacerdote. Nas nossas cidades e nos vilarejos, há homens corajosos e outros tímidos,
há cristãos missionários e outros adormecidos. E há muitos que estão em busca, mesmo
se não admitem”. Neste contexto, o Papa recorda que "é dever de todo batizado levar
aos homens a mensagem de amor de Deus e da salvação em Jesus Cristo”. E conclui: “Precisamente
no nosso tempo, em que parecemos nos tornar um ‘pequeno rebanho’ (Lucas 12:32), somos
chamados, como discípulos do Senhor, a viver como uma comunidade que é sal da terra
e luz do mundo (cf. Mt 5:13-16)”. (SP)