Bartolomeu I em Paris: "liberdade religiosa é mais do que uma simples tolerância das
diferenças"
Paris (RV) – “A liberdade religiosa é muito mais do que a simples tolerância
das diferenças”. Este foi, em essência, o tema do discurso proferido pelo Patriarca
Ecumênico de Constantinopla Bartolomeu I nesta quarta-feira, na Academia de Ciências
Morais e Políticas de Paris. Este é o primeiro de uma série de pronunciamentos de
Bartolomeu I, durante a visita de três dias que realiza a Paris. Amanhã, quinta-feira,
o Patriarca receberá a laurea Honoris causa no ‘Institut Catholic’.
Recordando
o contexto da difundida secularização que caracteriza hoje, de forma particular, a
sociedade ocidental, o Patriarca – como refere o L’Ossservatore Romano – salientou
como “a questão dos direitos humanos seja verossimilmente a questão central colocada
para as religiões”. De fato, “entre os direitos humanos, o da liberdade religiosa
constitui o maior desafio que as religiões enfrentam. Um desafio, porém, que garante
também “perspectivas positivas”.
Neste sentido, observou como a liberdade religiosa
requer “alguma coisa a mais” do que uma simples tolerância das diferenças. De fato,
a verdadeira tolerância “não tem nenhuma relação com a aceitação niilista de tudo,
com o desprezo pela verdade”. Ao contrário, “a abertura para tudo aquilo que é diferente
pressupõe a valorização e o sincero respeito pela própria tradição”
Para o
Patriarca Ortodoxo, “o problema fundamental” na correta abordagem à temática da liberdade
religiosa consiste em “entender a verdade e a relação com a verdade”. Em particular,
“é importante aceitar que os limites entre verdade e falta de verdade não coincidem
com aqueles da nossa religião e a religião dos outros”. Isto, obviamente, “não significa
aceitar o relativismo e o minimalismo teológico!”. Mas, “a verdade da religião não
pode ser separada da verdade da liberdade humana”.
Assim, após ter reconhecido
“a separação institucional entre Igreja e Estado” como “uma solução que respeita o
direito à liberdade de religião”, o Patriarca denunciou o “fundamentalismo da modernidade
que continua a considerar a religião como fenômeno pré-moderno, incompatível com o
progresso da sociedade”. (JE)