2014-01-29 20:15:27

Adiamento da decisão sobre construção do muro, prolonga angústia de cristãos e moradores de Belém


Jerusalém (RV) – A angústia dos cristãos de Belém, na Terra Santa, deverá continuar. Nesta quarta-feira, o Supremo Tribunal israelense, após estudar a ação impetrada para impedir a construção do muro que dividirá terras, adiou a tomada de qualquer decisão.

O Prefeito Nael Salman ,de Beit Yala, município vizinho de Belém, com 80% de população cristã, explicou que a decisão não tem prazo para sair. “Hoje realizou-se a primeira sessão no Supremo Tribunal, após um longo processo judicial, porém, desconhecemos quando será dado o passo seguinte. Pode ser dentro de um mês ou mais tarde”, comentou, após três horas de sessão.

A sala da mais alta instância do judiciário israelense ficou lotada, diante da expectativa pela decisão. O processo interessa a palestinos que vivem na área a ser dividida, e a israelenses, mas envolve também outros setores da sociedade, como ativistas e simpatizantes.

Uma verdadeira peregrinação judicial teve início há oito anos, quando os moradores de Beit Yala entraram com um recurso para impedir a construção do muro no Vale de Cremisán. As 58 famílias proprietárias das terras, junto a representantes eclesiásticos, deram início a uma ação conjunta no Tribunal da Magistratura de Tel Aviv, defendendo um novo desenho para o traçado, para evitar que um mosteiro e um convento salesiano, campos de esporte e uma considerável extensão de terra com vinhedos e oliveiras fossem divididos ou destruídos.

O atual plano israelense prevê que as terras seriam anexadas pelo Estado de Israel, para fazer uma ligação entre dois assentamentos nas proximidades da Cisjordânia, Gilo y Har Gilo, atualmente separados.

Em abril de 2013, o primeiro recurso foi rejeitado pelo Tribunal, o que motivou os moradores e os religiosos a procurar instâncias superiores, para lutar por aquilo que consideram “seu direito”.

No contexto de crise econômica pelo qual atravessam os territórios, os habitantes da região vêem o vale como uma importante fonte de recurso, pois possui terras cultiváveis, produção de madeira, oliveira, azeite, vinhedos, sendo famosa inclusive por produzir um dos poucos vinhos palestinos que existem.

O Vale de Cremisán “é um importante elemento econômico que faz com que as pessoas possa se manter e sobreviver. Com o levantamento do muro, será destruída a vida social, tradicional e econômica de nossos cidadãos”, lamentou Salman.

Os moradores do Vale manterão algumas formas de protesto pacíficas, como fizeram até a data de hoje, dia previsto para o julgamento da ação. Uma delas, inclui a celebração de uma Missa no Vale a cada sexta-feira, já há anos.

“Temos um Plano B, porém no momento acreditamos que encontraremos justiça para este caso, de alguma maneira”, afirmou o Padre Ibrahim Shomali, sacerdote católico em Bet Yala. (JE)









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