Adiamento da decisão sobre construção do muro, prolonga angústia de cristãos e moradores
de Belém
Jerusalém (RV) – A angústia dos cristãos de Belém, na Terra Santa, deverá continuar.
Nesta quarta-feira, o Supremo Tribunal israelense, após estudar a ação impetrada para
impedir a construção do muro que dividirá terras, adiou a tomada de qualquer decisão.
O Prefeito Nael Salman ,de Beit Yala, município vizinho de Belém, com 80%
de população cristã, explicou que a decisão não tem prazo para sair. “Hoje realizou-se
a primeira sessão no Supremo Tribunal, após um longo processo judicial, porém, desconhecemos
quando será dado o passo seguinte. Pode ser dentro de um mês ou mais tarde”, comentou,
após três horas de sessão.
A sala da mais alta instância do judiciário israelense
ficou lotada, diante da expectativa pela decisão. O processo interessa a palestinos
que vivem na área a ser dividida, e a israelenses, mas envolve também outros setores
da sociedade, como ativistas e simpatizantes.
Uma verdadeira peregrinação judicial
teve início há oito anos, quando os moradores de Beit Yala entraram com um recurso
para impedir a construção do muro no Vale de Cremisán. As 58 famílias proprietárias
das terras, junto a representantes eclesiásticos, deram início a uma ação conjunta
no Tribunal da Magistratura de Tel Aviv, defendendo um novo desenho para o traçado,
para evitar que um mosteiro e um convento salesiano, campos de esporte e uma considerável
extensão de terra com vinhedos e oliveiras fossem divididos ou destruídos.
O
atual plano israelense prevê que as terras seriam anexadas pelo Estado de Israel,
para fazer uma ligação entre dois assentamentos nas proximidades da Cisjordânia, Gilo
y Har Gilo, atualmente separados.
Em abril de 2013, o primeiro recurso foi
rejeitado pelo Tribunal, o que motivou os moradores e os religiosos a procurar instâncias
superiores, para lutar por aquilo que consideram “seu direito”.
No contexto
de crise econômica pelo qual atravessam os territórios, os habitantes da região vêem
o vale como uma importante fonte de recurso, pois possui terras cultiváveis, produção
de madeira, oliveira, azeite, vinhedos, sendo famosa inclusive por produzir um dos
poucos vinhos palestinos que existem.
O Vale de Cremisán “é um importante elemento
econômico que faz com que as pessoas possa se manter e sobreviver. Com o levantamento
do muro, será destruída a vida social, tradicional e econômica de nossos cidadãos”,
lamentou Salman.
Os moradores do Vale manterão algumas formas de protesto pacíficas,
como fizeram até a data de hoje, dia previsto para o julgamento da ação. Uma delas,
inclui a celebração de uma Missa no Vale a cada sexta-feira, já há anos.
“Temos
um Plano B, porém no momento acreditamos que encontraremos justiça para este caso,
de alguma maneira”, afirmou o Padre Ibrahim Shomali, sacerdote católico em Bet Yala.
(JE)