Rio de Janeiro (RV) - Vivemos a trezena de São Sebastião entre o final do Tempo
do Natal e o início do Tempo Comum. Com o início da vida pública de Jesus, começa
o anúncio do Reino e a escolha dos discípulos. Na festa do Batismo do Senhor se estabelece
esse momento. Com a manifestação da Trindade inicia-se o grande anúncio que o Filho
de Deus, que se fez homem, está no meio de nós e é a vida do mundo. Celebrar este
tempo quer demonstrar que a missão de Jesus na vida pública é uma missão da Igreja
e de todos os que são batizados. Morrer para o homem velho e renascer para o homem
novo! Isso tem tudo a ver com a missão de Jesus, que renova a nossa vida para viver
a vida cristã.
O Ano da Caridade, que iniciamos no dia 20 de janeiro, quer
lembrar que os cristãos, vivendo o batismo, transformam o mundo, a sociedade, a cultura,
renascendo para a vida nova. Por isso, a nossa práxis cristã tem que renovar a vida,
tem que ser vida nova. Assim sendo, a presença da Igreja no meio da sociedade, preocupando-se
com o ser humano, torna a caridade como uma consequência de nosso batismo.
Nós
nascemos e fomos batizados, mas nem sempre vivemos a vida como cristãos. Quem é batizado
tem a sua vida transformada e passa a ter atitudes de caridade para com o outro, seja
ele quem for. Por isso, preocupar-se com o outro, com o fazer o bem ao outro vem como
uma consequência batismal.
A vida deve ser contagiada pelo bem! Na JMJ Rio
2013 experimentamos dificuldades, violências contra imagens, grupos intolerantes e
violentos contrários à fé, atrasos de ônibus, paralização de metrô, filas para as
refeições, mas o que somente apareceu foi a beleza dos cristãos que, cantando e rezando,
deram uma demonstração de autêntica vida cristã, de paciência, de espírito de sacrifício
e transpareceu na civilidade. Foi a semana com o menor índice de criminalidade no
Rio, por que todos contagiaram os demais, procurando viver como irmãos, a exemplo
do que Cristo nos ensinou.
Mesmo com os problemas cotidianos, os cristãos podem
ser contagiados pelo bem. Nossa proposta é viver o batismo, que nos conduz a viver
o amor mútuo, a acolher a virtude da caridade que vai além do trabalho caritativo,
da defesa da vida por que o amor ao outro, até ao inimigo, estará presente entre nós,
em todas as nossas atitudes.
Porém, temos a liberdade humana e há gente que
quer fazer o mal. Mesmo com todas as dificuldades de hoje, somos chamados a contagiar
o mundo com o bem e a paz que vem do Cristo Senhor.
A cidade do Rio de Janeiro
vai fazer 450 anos! O presente que queremos dar para a nossa cidade é o bem; não tem
decreto que instaure, mas a convicção e a conversão de cada um de nós. O Papa Francisco
nos ensina algumas coisas importantes para fazer o bem e para ser feliz. É simples
e bonito dizer: "com licença", "por favor", "muito obrigado", "me desculpe". O perdão
pode mudar a realidade entre nós.
Deve ser possível entre nós viver o nosso
batismo a partir do perdão. Viver no caminho do Cristo. Sejamos arautos da caridade!
Sejamos promotores do amor e pratiquemos o perdão e a acolhida do irmão, sempre, sem
nada esperar a não ser acolhendo a graça Deus, que nos ajudará neste bom propósito!
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Orani João Tempesta, O. Cist. Arcebispo Metropolitano de São Sebastião do Rio
de Janeiro, RJ