2014-01-25 10:42:24

"Onde está a voz do povo?", questiona Serviço Jesuíta para Refugiados sobre negociação síria


RealAudioMP3 Genebra (RV) – Mais uma tentativa de paz para a crise síria: o governo e a oposição concordaram em dialogar, em Genebra, para tentar encontrar uma solução para o impasse que já dura três anos.

O mediador internacional, Lakdhar Brahimi, anunciou em coletiva de imprensa que as delegações do governo sírio e da oposição aceitaram os princípios sancionados em Genebra 1, a primeira conferência internacional sobre a Síria que se realizou em julho de 2012. Os colóquios prosseguirão durante todo o final de semana, mas os desafios são muitos. O regime, de fato, rejeita categoricamente o pedido da oposição, ou seja, de proceder a um governo de transição e remover o Presidente Bashar al-Assad.

A Igreja acompanha de perto essas negociações, mas expressa perplexidade quanto aos interlocutores. Para o Diretor do Serviço dos Jesuítas para Refugiados (JRS), Pe. Peter Balleis SJ, o diálogo entre os beligerantes é bem-vindo, mas a exclusão da sociedade civil é preocupante:

Pe. Balleis:- Estamos muito felizes que esta conferência seja realizada. Mas sabemos que é muito complicado e não terá resultados imediatos. Um ponto que nos preocupa, que queremos promover com a Igreja e outras Ongs, é a participação da sociedade civil, de representantes de grupos civis na Síria que não tomaram as armas, pessoas que não buscaram a solução através da luta armada e da guerra. Para dizer de maneira mais forte: as vítimas. Trata-se de cristãos, muçulmanos – todos que não queriam e não querem esta guerra, que querem paz e viver juntos como viviam antes. Essas pessoas, esses grupos civis, que constituem 50% da população, não estão representados na negociação. Para mim, isto é um pouco preocupante. Onde está a voz do povo? Se os beligerantes ouvissem a voz do povo poderiam dar o primeiro passo para acabar com a guerra. Toda a questão política, de troca de comando – que é uma questão complicada, pois não se quer deixar o poder –, deixemos para o futuro. Mas o primeiro objetivo é acabar com a matança agora. Depois podem continuar a negociação de como fazer a transição política.
(BF)







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