Brasil entre os países mais afetados pela Hanseníase
Cidade do Vaticano (RV) – Celebra-se este domingo, 26 de janeiro, o 61º Dia
Mundial dos doentes de Hanseníase. Segundo o Relatório 2013 da Organização Mundial
da Saúde (OMS), 80% dos novos casos concentram-se na Índia, Brasil e Indonésia. A
Rádio Vaticano entrevistou a Dra. Anna Maria Pisano, Presidente da Associação Italiana
Amigos de Raoul Follerau (AIFO).
RV: Dra. Pisano, sabemos que há mais de
30 anos a hanseníase é curável graças à ploquimioterapia, mesmo que não seja ainda
uma doença extinta. Quantos são hoje os doentes de hanseníase e quantos são os novos
casos a cada ano?
R: “São mais de 230 mil, mas em muitas nações
não são registrados. Por isto calcula-se que sejam pelo menos o dobro. Além destes,
existem cerca de 10 milhões de pacientes ex-doentes de hanseníase que, tendo chegado
tardiamente o tratamento, permaneceram inválidos. Portanto, eles têm necessidade de
usar próteses, remédios para úlcera, assistência”.
RV: Os doentes de
hanseníase submetidos a tratamento, não contagiam a doença. Mesmo assim, permanecem
tantos prejuízos...
R:“Sim, isto é verdade mesmo neste nosso
ano de 2014! Sabe-se muito bem agora que é uma doença perfeitamente curável e não
somente é perfeitamente curável, mas após somente uma semana – façamos mesmo um mês
por maior segurança – desde o início do tratamento, a doença é absolutamente não contagiosa,
pois ocorre justamente uma fragmentação dos micróbios e, portanto, da bactéria de
Hansen. Não obstante isto, existe verdadeiramente medo, mesmo agora – me dizia também
o médico coordenador do nosso projeto na Índia – em tantos lugares também os próprios
médicos tem medo de tocar um paciente doente de hanseníase. Uma das coisas que a diferencia
é justamente o fato de que seja uma doença que marginaliza, por isto ainda hoje o
paciente do Mal de Hansen tem medo, pois a sua família é totalmente marginalizada,
rejeitada pela sociedade: perde o trabalho, perde a família...Portanto, permanece
verdadeiramente um “leproso” no sentido literal da palavra”.
RV: A senhora
citou a Índia, que é o país mais atingido....
R:“A Índia é absolutamente
o país mais afetado; antes, é o país onde, com a idéia de que o Mal de Hansen fosse
vencido ou quase vencido, baixou-se guarda em relação aos controles. Por isto, agora
existem não somente mais doentes, como também existe a falta de especialistas e técnicos
especializados, no que diz respeito à doença”.
RV: Dra Pisano, quais
são as iniciativas para este Dia para sensibilizar a opinião pública?
R:“Terão pequenas bancas em muitas cidades da Itália – quase mil – onde será distribuído
material ilustrativo e será oferecido o ‘mel da solidariedade’, que representa o nosso
símbolo para os doentes de hanseníase; o ‘mel da solidariedade’ é uma ajuda, realizada
por mulheres curadas nos projetos existentes na Índia. Oferecemos, também, gadget
e informações. Estamos convencidos de que uma das coisas principais a ser feita é
transmitir uma cultura da fraternidade, da proximidade entre os povos, e da justiça,
pois não existe caridade sem justiça! Nós faremos formação nas escolas, formação entre
as pessoas, buscando assim sensibilizar sobre doenças esquecidas, sobre amor entre
os povos e sobre o fato de estarmos todos sob o mesmo céu!”. (JE)