Mais um morto em Pedrinhas. A indignação dos bispos ganha repercussão
São Luis (RV) - Mais um preso foi encontrado morto na Penitenciária de Pedrinhas,
em São Luís: é o terceiro neste ano. Jô de Sousa Nojosa tinha 21 anos e foi encontrado
enforcado dentro de uma das celas do centro de custódia, onde ficam os detentos que
aguardam decisão judicial.
Em nota, o governo do Maranhão disse que há indícios
de que o crime tenha sido uma reação à transferência de presos para o presídio federal
de segurança máxima em Campo Grande.
Nove presos, sete de Pedrinhas, foram
transferidos segunda-feira, 20, todos suspeitos de participação nos ataques a delegacias
e ônibus, no início do ano, que resultaram na morte de uma menina de 6 anos.
A
situação de Pedrinhas ganhou destaque internacional. A Organização dos Estados Americanos
pediu providências ao governo brasileiro. O alto comissariado da ONU também reclamou.
As
oito unidades do Complexo Penitenciário de Pedrinhas têm capacidade para 1,7 mil presos,
mas abriga 2,2 mil. Superlotado, sujo, em uma revista foi encontrada uma montanha
de lixo dentro do presídio, sem condições de reeducação dos presos.
Nas alas
mais críticas, nem a presença da Força Nacional de Segurança e da Polícia Militar
há quase quatro meses conseguiu resolver a situação e controlar a violência dos presos.
Segundo a Ordem dos Advogados do Brasil, o governo precisa tomar providências
imediatas para a separação dos presos de acordo com o grau de periculosidade, além
da separação entre presos provisórios e presos definitivos.
Entretanto, ganha
repercussão a carta aberta escrita pelos bispos do Maranhão à população do Estado
(confira a íntegra em nossa página). Os bispos propõem uma caminhada silenciosa à
luz de velas, no dia 2 de fevereiro, em todas as comunidades. O ato, para os 13 bispos
que assinam o documento, será uma ‘expressão de compromisso com a justiça e paz’.
Na
carta, os bispos relembram a morte da menina Ana Clara, vítima dos ataques a ônibus
que ocorreram no dia 3 de janeiro, em São Luís, e os assassinatos no Complexo Penitenciário
de Pedrinhas. Com isso, assinalam “o clima de terror e medo” vivido na capital.
Para
quem não puder participar da caminhada, os bispos sugerem que uma vela seja acesa
em frente de cada residência, como ‘sinal do empenho em favor da paz’.
Além
do arcebispo de São Luís, Dom José Belisário da Silva, que é também vice-presidente
da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), a carta é assinada por Dom Armando
Martin Gutierrez, Dom Carlo Ellena, Dom Élio Rama, Dom Enemésio Lazzaris, Dom Franco
Cuter, Dom Gilberto Pastana de Oliveira, Dom José Soares Filho, Dom José Valdeci Santos
Mendes, Dom Sebastião Bandeira Coêlho, Dom Sebastião Lima Duarte, Dom Vilsom Basso,
e Dom Xavier Gilles de Maupeou d’Ableiges. (O Globo-CM)