Iraque: Dom Sako defende respeito à diversidade e islamismo moderado que construa
a paz
Bagdá (RV) – Por ocasião do Dia Mundial das Religiões, celebrado em 19 de janeiro,
realizou-se no Salão dedicado a Saladino, no Hotel Meridien, em Bagdá, um encontro
organizado pelo Centro Nacional para a Aproximação entre as Religiões. Estiveram presentes
representantes de diversas confissões religiosas iraquianas, além de autoridades ligadas
à cultura e à política. O Patriarca dos Caldeus, Mar Louis Raphael I Sako, defendeu
no seu pronunciamento, a unidade, a luta ao fanatismo e à violência e o respeito à
diversidade.
No discurso - referido pela Baghdahope – o Patriarca dos caldeus
reitera que “a mensagem da religião é fazer do homem um homem reto segundo o desejo
de Deus. As regras da religião são fixas: o culto a Deus, o amor pelos outros e o
respeito pelos seus direitos”.
Dom Sako atribuiu os conflitos em curso no país
“à mente fechada com que se olha para a religião”: “existe ignorância e falta de conhecimento
do espírito essencial da religião na maioria da população”, reconhecendo também a
grande influência dos líderes religiosos “na mente e no comportamento das pessoas”.
Ao
referir-se ao sofrimento vivido pelos cristãos no país, o Patriarca ressaltou que
estes são provocados pelo fanatismo religioso, “que considera os cristãos politeístas,
infiéis, cruzados e estrangeiros”. “O programa de educação religiosa nas escolas –
denunciou – contém palavras impróprias e incompatíveis com os textos religiosos”.
E lamenta a discriminação, pois “o cristianismo é o caminho do amor e o Islã o da
misericórdia”, mas “a prática cotidiana não é coerente com estes valores”.
Ao
concluir seu pronunciamento, Dom Mar Sako sugeriu que o discurso religioso deve insistir
“na defesa dos direitos e da dignidade do homem, afirmar os valores comuns de liberdade,
cidadania, diversidade, dignidade humana e justiça social”.
O líder dos caldeus
defendeu uma revolução no islamismo moderado para salvar-se dos fundamentalistas,
e assim ser “uma força que lute pela paz na região e não uma arma para alimentar conflitos”.
“Deve-se mudar o programa de educação no que diz respeito ao cristianismo e às outras
religiões – insistiu – que devem ser tratadas assim como são vividas e entendidas
pelos seus fiéis e não de um modo deformado”.
“Esperamos vozes moderadas no
Islã, que são a maioria, que se levantem para promover a convivência e a rejeição
da violência”, defendeu. (JE)