Mensagem do Papa ao Fórum de Davos: intolerável a fome no mundo, tutelar o bem comum
e a dignidade humana
Dignidade do homem, economia ao serviço do bem comum, inclusão social, luta contra
a fome e atenção aos refugiados: são estes os temas principais da mensagem enviada
pelo Papa Francisco ao Fórum Económico Mundial, que está a decorrer em Davos, na Suíça,
até 25 de Janeiro. No documento pontifício - dirigido ao Presidente Executivo do Fórum
Klaus Schwab e lido pelo Cardeal Turkson, presidente do Conselho Pontifício Justiça
e Paz - o Papa espera que o encontro seja "ocasião para uma reflexão mais aprofundada
sobre as causas da crise económica" mundial.
Para muitas pessoas, escreve o
Papa, a pobreza foi reduzida, mas isso não basta, porque ainda persiste “uma exclusão
social generalizada". Ainda hoje, "a maior parte dos homens e mulheres continua a
viver ainda uma precariedade diária, muitas vezes com consequências dramáticas". A
política e a economia devem, portanto, trabalhar na promoção de "uma abordagem inclusiva
que tenha em conta a dignidade de cada pessoa humana e do bem comum".
"Não
se pode tolerar -escreve em seguida o Papa- que milhares de pessoasmorram diariamente defome, havendo embora à disposição grandes quantidades de alimentosque muitas vezes sãosimplesmentedesperdiçados".
Da mesma forma,o Papa sublinha que"não
podem deixar indiferentes os muitosrefugiados em
busca decondições de vidaminimamentedignas,
que não apenas não encontram acolhimento,masnão
raramentevão ao encontro da morteemviagensdesumanas". "Estou consciente que estas palavrassão fortes,até mesmodramáticas-
notao Papa- maselas pretendemsalientar, mas também desafiara "capacidadedo Fórumpara fazer a diferença. O que é necessário,
insiste o Papa, é"um sentido de responsabilidade
renovado, profundo e alargado por parte de todos", para"servir mais eficazmente o bem comume tornar osbens deste mundomais acessíveispara todos".
Tomando
as palavras de Bento XVI na Caritasin Veritate, o Papa Francisco
ressalta depois que a equidade não deve ser apenas económica, mas deve ser baseada
numa "visãotranscendente da pessoa", de modo que se possa
obter "uma distribuição mais equitativa dasriquezas,
a criação de oportunidades de emprego e uma promoção integraldos pobresque ultrapassea meraassistência".
A mensagem do Papa termina com um forte apelo: "Peço-vos - escreve ele - para
fazer com que a riqueza esteja ao serviço da humanidade e não que a governe" na óptica
de "uma éticaverdadeiramentehumana", levada
a cabopor pessoas"degrandehonestidade
e integridade", guiadas por"altosideais
de justiça, generosidade epreocupação pelo autêntico
desenvolvimento da famíliahumana".
Agora que chegou na sua
na sua 44ª edição, o Fórum de Davos este ano conta com 2.500 participantes, incluindo
40 chefes de Estado e de Governo. Não falta o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon,
e o presidente do Banco Central Europeu, Mario Draghi. Estão também presentes numerosas
ONGs e vários representantes religiosos, cristãos, hebreus e muçulmanos. Para a Igreja
Católica, assinalam-se os cardeais Peter Turkson, presidente do Conselho Pontifício
Justiça e Paz; John Onayekan, Arcebispo de Abuja, na Nigéria, e Luis Antonio Tagle,
Arcebispo de Manila, nas Filipinas, assim como o Arcebispo de Dublin, Dom . Diarmuid
Martin.