Cardeal Solórzano: "Cardinalato não é honra, mas chance para servir"
Cidade do Vaticano (RV) – O novo cardeal nicaraguense Leopoldo Brenes Solórzano,
nomeado há cerca de uma semana pelo Papa, personifica a imagem de pastor humilde e
da Igreja pobre para os pobres que quer o Pontífice em sua Igreja.
Aos 64
anos, conduz ele próprio sua caminhonete nos afazeres cotidianos, afirma que sempre
foi “um padre próximo do povo” e que seu novo cargo não vai mudar sua obra pastoral,
preferencial pelos pobres.
Com um carisma no qual sobressaem simplicidade,
humildade, austeridade e firmes convicções, após ser nomeado cardeal se apressou em
dizer que “não é uma honra, mas uma oportunidade para servir. Continuo sendo o mesmo
e quero continuar a ser eu mesmo”, diz.
Dom Brenes mora com a mãe, Lilliam
Solórzano – que o chama Leopoldito – em uma modesta casa em um bairro popular de Manágua.
Acostumado
a usar calça de vaqueiro, apaixonado por beisebol e futebol, o cardeal nasceu numa
família pobre, em 7 de março de 1949 no município de Ticuantepe, e já pequenino, entre
8 e 9 anos, segundo recorda, sentiu o chamado do Senhor.
“O Papa Francisco
me escolheu para ser um de seus servidores, está dizendo com isso “não mude”, que
devo continuar meu trabalho pastoral... ele conhece minha trajetória”, assinala.
Dom
Brenes conheceu o Papa Francisco em 2006 quando o Pontífice era bispo de Buenos Aires,
Argentina. Ele acabara de ser nomeado Presidente da Conferência Episcopal e trabalhou
junto ao então Cardeal Jorge Mario Bergoglio nos preparativos para a V Conferência
do Episcopado Latino-americano em Aparecida.
Definindo seu perfil pastoral,
Dom Brenes o resume em três momentos: ser um pastor que guia suas ovelhas, ir entre
elas para ouvi-las, e enfim, ser o último, “para deixar que as ovelhas – os fiéis
– tenham suas iniciativas”.
Ordenado sacerdote em 1974, pediu que em sua primeira
missão fosse enviado a uma paróquia simples, na área rural. Entre 1991 e 2005, foi
bispo da diocese de Matagalpa, norte da Nicarágua, antigo corredor da guerra civil
dos anos 80, onde visitava as comunidades remotas e montanhosas montado numa mula.
Em 2005 sucedeu ao Cardeal Miguel Obando y Bravo como arcebispo de Manágua, tendo
ele completado 80 anos.
“Quero manter sempre os pés no chão, não esquecer
minhas origens e as paróquias humildes e simples que contribuíram para que eu continue
a ser o que sempre fui”, declara. (CM)