Dom Carballo: "Os religiosos são chamados a levar uma vida em consonância com os votos
de pobreza"
Cidade do Vaticano (RV) – “Trata-se de uma realidade que está pedindo à vida
consagrada uma vida mais próxima deste tipo de pobreza. Não somente uma proximidade
física, mas eu diria sobretudo, uma proximidade existencial, de modo que o estilo
de vida dos religiosos não os afaste daquele dos pobres e não escandalize os pobres”.
Foi o que afirmou ao L’Osservatore Romano o Secretário para os Institutos de Vida
Consagrada e as Sociedades de Vida Apostólica, Arcebispo José Rodríguez Carballo,
ao falar sobre a resposta que os religiosos e as religiosas devem dar aos desafios
da proximidade aos pobres, aos imigrantes, aos sem-teto.
“A pobreza professada
pelos religiosos não pode reduzir-se a uma mera ideologia, mas é uma forma concreta
de viver”, disse o Arcebispo, ex-Ministro Geral da Ordem dos Frades Menores. “Neste
sentido, os religiosos são chamados a levar uma vida mais austera e essencial, uma
vida mais em consonância com o voto de pobreza, que os faça ser e sentirem-se verdadeiramente
livres diante dos bens materiais; uma vida solidária com os pobres, colocando a seu
serviço as estruturas e espaços pertencentes aos religiosos e partilhando com eles
os bens que a Providência faz chegar”. “Também aí – acrescentou – vejo um grande desafio
para os religiosos. Estes já fazem tanto para os necessitados, mas o amor nos impele
a fazer muito mais”.
Em sintonia com os apelos do Papa Francisco, Dom Rodríguez
Carballo explicou que “a vida religiosa e consagrada é chamada a anunciar o Evangelho
em todos os lugares e em todas as circunstâncias, particularmente nas periferias existenciais”.
“O Papa Francisco – observou – nos desafia continuamente a seguir nesta direção. E
o fez, por exemplo, durante o belo encontro que teve com os Superiores Gerais em 29
de novembro. Naquela ocasião pediu aos religiosos para irem às periferias marcadas
pela pobreza, mas também para as periferias do pensamento”.
Segundo Dom Carballo,
“a vida consagrada já está fazendo muito nestas periferias, mas pode adormentar-se.
O seu espaço privilegiado está neste campo de fronteira, e, portanto, alí deve revisitar
sempre. A vida consagrada, nos recordava então o Papa Francisco, deve ser profética.
É esta uma dimensão irrenunciável, não negociável. Não se pode simplesmente brincar
de sê-lo”. (JE)