Cidade do Vaticano (RV) - “Devemos cumprir toda
a justiça”, essa frase do Evangelho deste domingo centraliza a mensagem da liturgia
do Batismo do Senhor. Mas que justiça é essa? Se entendermos que a encarnação do Verbo
contou com a participação das Três Pessoas divinas e o motivo foi a redenção do gênero
humano, ficará para nós que a justiça da qual Jesus fala com João Batista é a instauração
do Reino. João Batista participa da realização dessa justiça, da missão do Redentor,
ao pregar e conferir o batismo de penitência. A ação de Jesus ao aceitar o gesto
do Batista recebe a aprovação das Outras duas Pessoas divinas, pois quando sai das
águas do Jordão “o céu se abre e o Espírito vem sobre ele e nele pousa”. Nesse
momento recordemos as palavras de Isaías na primeira leitura: “Eu, o Senhor, te chamei
para a justiça e te tomei pela mão; eu te formei e te constituí como centro da aliança
do povo, luz das nações, para abrires os olhos aos cegos, tirar os cativos da prisão,
livrar do cárcere os que vivem nas trevas” Ele é rei e sacerdote, foi ungido para
cumprir toda a justiça dando origem ao Reino de Deus. Recordemos o nosso batismo.
Fomos inseridos no Povo de Deus também para essa missão, cumprir a justiça, não apenas
para nos salvar. Temos uma missão apostólica, colaborar com o Senhor na instauração
da justiça, da solidariedade, da acolhida a todos, especialmente daqueles que são
marginalizados porque pecadores. Ser batizado é ter um coração misericordioso e integrador,
como o de Jesus. Ao celebrarmos a festa do Batismo do Senhor, ocasião propícia
para renovarmos nossos compromissos batismais, voltemo-nos para nós mesmos e façamos
um exame sobre nossa conduta, sobre nossa presença no meio da sociedade. Até que ponto
somos pessoas libertadoras, pessoas que podem ser reconhecidas como abertas à ação
de Deus, fautoras do bem, portadoras de vida moradas de Deus em meio aos homens? Mais
ainda: somos alegres, sorridentes ou carrancudos? Somos sinceros ou falsos? Somos
éticos ou moralistas? Somos construtores ou demolidores? Somos colaboradores do Senhor
ou atrapalhamos a instauração do Reino? (CAS)