Card. Marx: "O futuro não é o capitalismo, mas uma comunidade mundial" responsável,
sem excluídos e marginalizados
Cidade do Vaticano (RV) - "'Esta economia mata’. Com esta breve frase, Papa
Francisco suscitou clamor’”. O Papa exortou a “não excluir os pobres”, a “criar uma
sociedade de inclusão e de participação, e a combater a pobreza de modo não somente
caritativo, mas também estrutural. Por isto, o lugar da Igreja deve ser ao lado dos
pobres, porque somente a partir deles e com eles podemos enxergar o conjunto da sociedade,
da economia e da política”. “E é isto que também interessa ao Papa no desafio da evangelização”.
Estes foram alguns dos pensamentos do Cardeal Reinhard Marx, Arcebispo de Munique
e Frisinga, expressos num longo artigo publicado pelo L’Osservatore Romano. O Cardeal
sublinhou como “o debate sobre o ideal da pobreza acompanha a história da Igreja”.
“Justamente
na época da globalização – prossegue – a Igreja Católica, que está presente e atua
em todo o mundo, tem aqui um papel fundamental. Pode contribuir ao início dos debates
sobre o futuro do mundo e acompanhá-los. Com as suas argumentações e os seus pontos
de vista, deve participar dos debates públicos, mas não pode retirar-se, com medo
do ruidoso vento da crítica e da oposição. Vai exatamente neste sentido a ingerência
do Papa Francisco que, com a Exortação Apostólica Evangelii gaudium, é escutado
em todo o mundo”.
O Papa – escreve ainda o Cardeal Marx – critica justamente
“a economização de todos os ambientes da vida”. Ou seja, “torna o ritmo da sociedade
dependente dos interesses da exploração do capital, e isto a nível global”. O capitalismo,
por isto, “não deve tornar-se o modelo da sociedade porque – para dizer de uma maneira
exasperada – não leva em conta destinos individuais, dos fracos e dos pobres. É isto
que o Papa critica”.
“O apelo para pensar além do capitalismo – acrescenta
– não é uma luta contra a economia de mercado ou uma renúncia a qualquer razão econômica,
mas justamente diante da crise real do capitalismo, é importante e necessária a intervenção
do Papa, um convite a reordenar as prioridades e a ver o mundo como empenho de construção,
que deve ser assumido livremente e com responsabilidade. O futuro – conclui – não
é o capitalismo, mas sim, uma comunidade mundial que deixa sempre maior espaço ao
modelo de uma liberdade responsável e que não aceite que povos, grupos e indivíduos
sejam excluídos e marginalizados”. (JE)