Papa Francisco: no percurso dos Magos está simbolizado o destino de cada homem
Cidade do Vaticano (RV) – A Igreja em muitos países celebra nesta segunda-feira,
06, a Solenidade da Epifania, que no Brasil celebramos neste domingo. A Epifania é
a manifestação do Senhor ao mundo inteiro. Os Reis Magos representam os povos de todas
as línguas e nações que se põem a caminho, chamados por Deus, para adorar Jesus.
Por
esta ocasião, na manhã de hoje o Papa Francisco presidiu a Santa Missa na Basílica
Vaticana. Na sua homilia o Santo Padre iniciou recordando a expressão “Lumen requirunt
lumine”, um hino litúrgico da Epifania que se refere à experiência dos Magos: seguindo
uma luz nela buscam a Luz.
“A estrela surgida no céu, - continuou o Papa -
acende nas suas mentes e nos seus corações uma luz que os move na busca da grande
Luz do Cristo. Os Magos seguiram fielmente aquela luz que os penetrou interiormente,
e encontraram o Senhor.
“Neste percurso dos Magos do Oriente está simbolizado
o destino de cada homem: nossa vida é um caminhar, iluminados pelas luzes que clareiam
a estrada, para encontrar a plenitude da verdade e do amor, que nós cristãos reconhecemos
em Jesus, Luz do mundo”.
E cada homem, como os Magos, - continuou o Papa
- tem à disposição dois grandes “livros” onde estão os sinais para se orientar na
peregrinação: o livro da criação e o livro das Sagradas Escrituras.
O importante
é estar atentos, vigiar, escutar Deus que nos fala. Como diz o Salmo, referindo-se
à Lei do Senhor: “Lâmpada para os meus pés é a tua palavra, / luz para o meu caminho”.
Especialmente escutar o Evangelho, lê-lo, meditá-lo e fazê-lo nosso alimento espiritual
nos permite encontrar Jesus vivo, experimentá-Lo e o Seu amor.
O Papa Francisco
recordou em seguida o apelo de Deus a Jerusalém através da boca do Profeta Isaías:
“Põe-te em pé, resplandece!”. Jerusalém é chamada a ser cidade da luz, que reflete
sobre o mundo a luz de Deus e ajuda os homens a caminhar em seus caminhos. Esta é
a vocação e a missão do Povo de Deus no mundo.
Mas Jerusalém também pode não
responder a este chamado do Senhor. Diz-nos o Evangelho que os Magos, quando chegaram
a Jerusalém, perderam por pouco tempo a vista da estrela. De modo particular, sua
luz está ausente no palácio do rei Herodes: aquela habitação é tenebrosa, reino a
escuridão, a desconfiança, o medo. Herodes, de fato, se mostra desconfiado e preocupado
pelo nascimento de um frágil Menino que ele sente como um rival.
“Todo
um mundo construído sob o domínio, sob o sucesso e sob o ter, é colocado em crise
por um Menino! E Herodes finalmente chega a matar os meninos: “Matas o corpo das crianças
porque o medo matou o teu coração” – escreve São Quodvultdeus (Sermo 2 Symbolo:PL
40,655).
Os Magos souberam superar esse perigoso momento de escuridão de Herodes,
porque creram nas Escrituras, na palavra dos profetas que indicavam Belém como lugar
do nascimento do Messias.
Um aspecto da luz que nos guia no caminho da fé
é também a santa “astúcia”, destacou Francisco. Trata-se daquela esperteza espiritual
que nos permite reconhecer os perigos e evitá-los. Os Magos souberam usar esta luz
da “astúcia” quando, no caminho de volta, decidiram não passar pelo palácio tenebroso
de Herdes. Mas andar por outro caminho. I Estes sábios vindos do Oriente
nos ensinam como não cair nas insídias das trevas e como nos defendermos da escuridão
que procura envolver nossa vida. Eles com esta Santa astúcia preservaram a fé, preservaram
da escuridão.
É preciso acolher em nosso coração a luz de Deus e, ao mesmo
tempo, cultivar aquela esperteza espiritual que sabe aliar simplicidade e astúcia,
como pede Jesus aos discípulos: “Sejam prudentes como as serpentes e simples como
as pombas” (Mt 10, 16).
Na festa da Epifania, - disse ainda o Papa - na qual
recordamos a manifestação de Jesus à humanidade no rosto de um Menino, sintamos ao
nosso lado os Magos, como sábios companheiros de caminho. O exemplo deles ajuda a
levanta o olhar para a estrela e seguir os grandes desejos do nosso coração:
Ensinam-nos
a não nos contentarmos com uma vida medíocre, "sem grandes vooa", mas a nos fascinarmos
sempre por aquilo que é bom, verdadeiro, belo... de Deus, que tudo isto o é no modo
sempre maior! E nos ensinam a não nos deixarmos enganar pelas aparências, daquilo
que para o mundo é grande, sábio, poderoso. Não precisa parar aí. Precisamos preservar
a fé neste tempo, quanto é importante preservar a fé. Não precisa se contentar com
a aparência, com a fachada. Precisa andar também, para Belém, lá onde, na simplicidade
de uma casa de periferia, entre uma mãe e um pai cheios de amor e de fé, resplandece
o Sol vindo do alto, o Rei do universo”. (SP)