Igrejas Orientais preparam-se para celebrar o Natal. Bispo de Giza comenta a situação
tensa vivida no Egito
Cairo (RV) – Expectativa para as Igrejas Ortodoxas e as Igrejas Católicas de
rito oriental que seguem o calendário Juliano, para a celebração do Natal neste dia
7 de janeiro. O clima de alegria pelo Natal confunde-se em muitos países com o medo
e a incerteza, devido à situação política instável e ao clima de violência. Entre
os cenários mais difíceis está o Egito, onde nestes dias algumas manifestações convocadas
por apoiadores do deposto Presidente Morsi acabaram em violência. O Bispo de Giza,
Dom Antonios Aziz Mina, expressou sua grande preocupação aos microfones da Rádio Vaticano:
R:“A polícia agora está fechando a rua que dá acesso à igreja. Fecham a rua e praticamente
colocam policiais em todo o percurso, impedindo a passagem de automóveis. Se pode
passar somente a pé. Isto para assegurar um pouco de paz às igrejas”.
RV:
É a primeira vez que acontece isto?
R:“Assim forte sim. Cada
ano tinha um policial, dois, três, quatro no máximo, no caso de uma grande igreja.
Mas agora colocaram também veículos blindados. Ir rezar neste clima não nos agrada,
não gostamos disto! Não é possível!”.
RV: Há quanto tempo as coisas
estão assim?
R:“Este clima começou há 30, 40 anos. A Irmandade
Muçulmana trabalhou para dividir o país e os países vizinhos. Após, com a subida ao
poder, colocaram em prática atos de repressão, sempre repressão e exclusão para todos.
Os cargos eram somente para os membros da Irmandade Muçulmana, tanto que o povo explodiu
de novo e foi para as ruas pacificamente”.
RV: Na sua opinião, existe
alguma forma de pacificar o país neste momento?
R: “Pacificar
com quem? Eles não querem a paz: não querem mesmo promover a paz e reconciliar-se
com todos os outros setores do país”.
RV: Quanto pode ser útil o diálogo
interreligioso, também para pacificar os ânimos?
R:“Mas nem
mesmo o diálogo entre muçulmanos consegue algo! Existe, isto sim, um diálogo entre
muçulmanos e cristãos ou católicos, e é frutuoso, mas somente com os moderados”.
RV:
Nos encontramos nas proximidades da celebração do Natal. No Egito é uma festa vivida
intensamente?
R: “Certamente, mas não é uma festa comercial,
por sorte, como na Europa. A festa é mais religiosa. Se reza muito e é uma ocasião
para agradecer a Deus. Temos passado três anos difíceis, após a revolução, e o último
ano foi ‘preto’. Esperemos, então, que este Natal possa ser de paz. Eles, de fato,
concentram os atos terroristas contra as igrejas, contra as instituições, contra a
polícia, para semear a divisão e desestabilizar o país. Nós gostaríamos tanto que
se pacificassem com a população. Temos um amargo na boca, não somente nós cristãos,
mas toda a população egípcia, não obstante sejam dias de festa e seja um ano novo.
O egípcio, por sua natureza, é um homem pacífico. O povo egípcio é pacífico. Isto
é bonito, a força e a majestade do povo egípcio”.
RV: Uma mensagem de
esperança para este Natal, para as comunidades cristãs, para as Igrejas do Oriente,
qual poderia ser?
R: “Rezemos a Deus, porque Ele pensa em nós,
não nos abandona nunca, nos sustenta e salvará o seu povo”.(JE)